Uso de anticonvulsivantes no tratamento de dor lombar crônica com ou sem radiculopatia: revisão sistemática da literatura e metanálise

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Bezerra, Dailson Mamede [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Dor
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/150288
Resumo: Introdução: Anticonvulsivantes têm sido amplamente utilizados no tratamento de dores neuropáticas, incluindo dor lombar crônica com componente ciático, uma forma comum de radiculopatia lombosacral. Apesar de esta dor ser frequentemente tratada com analgésicos simples ou opióides, os anticonvulsivantes têm sido empregados isoladamente ou em terapia combinada. A razão de seu uso seria a abordagem do componente neuropático e de desfechos secundários associados ao quadro, como incapacidade, déficits neurológicos, bem-estar, alterações do humor, entre outros sintomas. Apesar de alguns anticonvulsivantes terem sido estudados em ensaios clínicos seu uso permanece controverso. Objetivo: O objetivo desta revisão foi avaliar a efetividade e segurança do uso de anticonvulsivantes no tratamento da dor lombar crônica com ou sem radiculopatia. Método: Revisão sistemática realizada por meio de plataformas eletrônicas buscou identificar estudos de avaliação da efetividade e segurança do uso de anticonvulsivantes no tratamento da lombalgia com ou sem radiculopatia. Não houve restrições de idiomas. A data da busca mais recente foi 14 de dezembro de 2016. Incluímos todos os ensaios clínicos randomizados que compararam o uso de anticonvulsivantes versus placebo, anticonvulsivantes versus outros tratamentos e a associação de anticonvulsivantes com outros tratamentos, que incluiu tanto tratamentos farmacológicos quanto não farmacológicos. Resultados: Foram incluídos 18 ensaios clínicos com um total de 1691 participantes. A maioria dos ensaios foi considerada como de baixo risco ou risco incerto de viés. A falta de clareza em relação ao risco de viés nos ensaios foi amplamente decorrente do relato inadequado de desfechos. Oito ensaios compararam anticonvulsivantes versus placebo. Evidência de baixa qualidade não demonstra diferença entre grupos na melhora media da dor (Diferença Média (DM) -8,08, Intervalo de confiança (IC) 95% -16,77 a 0,62). Evidência de qualidade moderada indica que o topiramato é eficaz na melhora da incapacidade (DM -4,64, IC 95% -6,65 a -2,64) e que a gabapentina é mais efetiva na melhora do déficit sensitivo e (DM -1,18, IC 95% -1,49 a -0,87), respectivamente. Evidência de alta qualidade destacou maior frequência de efeitos adversos relacionados ao uso de anticonvulsivantes (Risco Relativo (RR) 1,50, IC 95% 1,14 a 1,98). Não houve diferença entre grupos com relação a medidas globais de melhora, incapacidade relacionada à região lombar e estado geral de saúde. Quatro ensaios compararam anticonvulsivantes com outros tratamentos. Seis ensaios comparam anticonvulsivantes com tratamentos ativos contra tratamentos ativos isoladamente. Não houve suficiente evidência de diferença entre grupos com relação a medidas globais de melhora, incapacidade relacionada à região lombar, estado geral de saúde e incidência de efeitos colaterais. Conclusões: qualidade de evidência baixa não permite afirmar que anticonvulsivantes, isoladamente ou em associação com outros tratamentos, são mais efetivos na melhora da média da intensidade da dor quando comparados ao placebo e a outras intervenções. Além disso, de forma geral, baixa evidência não demonstrou diferença entre tratamentos com relação a medidas globais de melhora, incapacidade relacionada à região lombar, déficits neurológios e estado geral de saúde. Esta é provavelmente uma classe farmacológica segura, com poucos efeitos colaterais graves. Esta revisão ressalta a necessidade da realização de novos ensaios clínicos bem delineados, comparando-se anticonvulsivantes com outros grupos controle para, adicionalmente, avaliar sua eficácia e segurança.