A consciência estratégica das vozes narrativas em "Ensaio sobre a Cegueira" de José Saramago e "A morte e a morte de Quincas Berro Dágua" de Jorge Amado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Vanalli, Marilani Soares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
voz
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/190851
Resumo: Esta tese se apresenta com os olhos centrados na VOZ, e, para tanto, explorar-se-á pela análise do discurso, as estratégias praticadas por este elemento em duas instâncias narrativas, que são: “A morte e a morte de Quincas Berro D’Água”, de Jorge Amado, e, “Ensaio sobre a Cegueira”, de José Saramago. Se é o discurso dessa realidade narrativa que está em jogo, o plano da história, isto é, a organização funcional e sequencial do texto, será posto à parte assim como, portanto, qualquer observação quanto ao sentido diegético dos elementos que compõem essa organização; é a narrativa enquanto discurso e não a narrativa enquanto história, que está aqui em causa. Os problemas da narrativa podem ser organizados através dos da análise do discurso narrativo, segundo categorias tomadas da gramática do verbo, e que se reduzirão a três classes fundamentais: as que estão ligadas às relações temporais entre narrativa e diegese, sob a categoria do tempo; as que estão ligadas às modalidades (formas e graus) de representação narrativa, logo aos modos da narrativa, e por último as que estão ligadas à forma pela qual se encontra implicada na narrativa a própria narração no sentido de instância narrativa, e, com ela, seus dois protagonistas: o narrador e seu destinatário real ou virtual. O tempo e o modo funcionam ambos ao nível das relações entre história e narrativa, enquanto a Voz designa, simultaneamente, as relações entre narração e narrativa e entre narração e história. Sendo Genette, um dos referenciais teóricos, entende-se que a análise do discurso será o foco desta pesquisa para esmiuçar, dentro destas categorias acima mencionadas, os percursos, atuações e consequências desta Voz que é a responsável pela construção da narrativa, entendendo-a, pelo filtro deste teórico francês, como o significante, enunciado, discurso ou texto narrativo em si. Conhecendo a dificuldade de sustentar esta pesquisa somente com as teorias desenvolvidas por Genette, em ‘Discurso da Narrativa - Figuras III’, traz-se os conceitos de Mikhail Bakhtin, ‘Questões de Literatura e de Estética’, ‘Estética da Criação Verbal’, entre outros deste referido autor, para explorar o emprego do dialogismo e polifonia, que hão de completar dentro das narrativas, as análises que a elas serão realizadas. Consolidando o arcabouço de conceitos teóricos complementares de voz, traz-se Oscar Tacca, em ‘As vozes do Romance’. É relevante compreender que este elemento da narrativa Voz, guarda a responsabilidade de conduzir eventos narrados e revela na constituição do romance, ideias em confronto; pontos de vista em constante interação. A partir dos dois objetos de pesquisa “Ensaio sobre a cegueira”, de José Saramago e “A morte e a morte de Quincas Berro D’Água”, de Jorge Amado, far-se-á uma comparação destas vozes, com o propósito de investigar as estratégias e performances praticadas pelos narradores, bem como apurar os momentos de aproximação e afastamento e as consequências desta prática.