Humor e morte: aspectos do insólito em As intermitências da morte, de José Saramago

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Gomes, Carolina de Aquino
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/50440
Resumo: Este estudo intenciona compreender o trabalho com a linguagem literária em As intermitências da morte (2005), de José Saramago, observando aspectos relacionados à composição da temática insólita, assim como ao tratamento de um assunto tabu, como a morte através do humor. Busca-se examinar de que maneira a linguagem transgressora do romance, caracterizada pela conexão entre o tema insólito e o discurso paródico, atua na reelaboração do pensamento sobre a morte. Esta pesquisa faz uso do método comparativo, por meio do diálogo com outras áreas do pensamento, como a história, a filosofia e a teoria literária, visto que o romance desenvolve um pensamento crítico a partir das reações do homem contemporâneo diante da morte. Saramago, através do uso de recursos da literatura fantástica, desconstrói o tabu da morte e, assim, fratura o real para revelar o próprio absurdo de que é constituído. Ao propor dois caminhos para sua leitura, seu romance empreende uma reflexão sobre a morte e também sobre o fazer literário, compreendendo-se que a recorrência ao fabuloso é responsável por ampliar o sentido da realidade. Portanto, é possível reconhecer a maneira como a obra em estudo transcende a realidade pelo humor e pelo fantástico, pois eles atuam de forma a extrapolar a ordem natural da existência, permitindo ao leitor uma reflexão sobre o tema da morte. O humor desconcertante presente no romance saramaguiano aponta para a necessidade de repensar as estruturas básicas do pensamento sobre a morte na contemporaneidade, investigar suas falhas e propor para ela uma nova significação. Nessa obra, o fantástico e o humor são os instrumentos utilizados para estimular o desenvolvimento intelectual e ético do sujeito. As palavras de Saramago requerem ousadia para transcender o velho e encontrar um novo significado para a morte, a vida e a arte.