O exercício moral de memória da morte nos escritos religiosos do Brasil colonial (séculos XVII e XVIII)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Santos, Clara Braz dos [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/144299
Resumo: No Brasil, durante os séculos XVII e XVIII, pregadores e moralistas difundiram entre os colonos, por meio de sermões, livros de devoção, elogios e sonetos fúnebres, a ideia de que deveriam lembrar cotidianamente da morte, caso almejassem viver e morrer de acordo com os ditames da religião católica. A preocupação com os possíveis destinos das almas no além-túmulo – purgatório, inferno ou paraíso – foi fundamental para que esses letrados propagassem entre os colonos valores morais sobre a morte, pois a salvação ou condenação de suas almas por Deus estavam diretamente relacionadas aos cuidados que dedicaram à morte ainda durante a vida. Saber bem morrer era pré-condição para os fiéis pleitearem o reino dos céus, e, segundo os pregadores e moralistas, a boa morte só seria conquistada por meio de uma vida dedicada à fé e à contemplação da morte. Todavia, outra questão mereceu a atenção desses homens do Seiscentos e do Setecentos: os pecados praticados pelos colonos. Segundo esses letrados, depois dos lucros com a produção da cana-de-açúcar, a extração do ouro e pedras preciosas das minas, os colonos teriam se tornado vaidosos, cobiçosos, soberbos, interessados apenas nos bens mundanos, esquecidos das obrigações religiosas e das contas que deveriam prestar no juízo final. Mostrou-se imperioso, então, a esses religiosos, conduzir os homens e mulheres da colônia para o caminho da vida devota, a única concebida como digna de um verdadeiro católico, e que poderia ser garantida mediante um exercício que tinha o propósito de ensiná-los a desapegarem-se dos bens supérfluos, reconhecerem suas condições mortais e os perigos de viverem e morrerem em pecado. Desse modo, o objetivo dessa pesquisa é entender como se configurava o exercício moral de memória da morte e como tal exercício deveria permitir aos colonos se tornarem católicos devotos.