O decoro vulgar do soldado poeta: a prática do romance por Antônio da Fonseca Soares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: D’Arcadia, Luís Fernando Campos [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/181432
Resumo: O poeta português Antônio de Fonseca Soares (1631-1682), também conhecido como Frei Antônio das Chagas, tornou-se célebre por sua prática de romances, poemas em quadras assonantes de redondilhas maiores com temática variada. Pelo testemunho de contemporâneos, Fonseca é uma autoridade na prática dessa forma poemática com uma grande produção em fontes manuscritas. Essa forma poemática recebe o mesmo nome das línguas “vulgares”, ligada a uma sensibilidade que chamaríamos hoje de ‘popular’. Durante o século XVII, entretanto, essa sensibilidade ‘popular’ foi também apropriada por letrados, o que levou à diversificação do romance como receptáculo de tópicas e estruturas mais eruditas, tais como poemas de luto (endechas) ou a lírica amorosa relacionada à poesia de retrato. Procura-se aqui descrever essa prática seiscentista à luz dessa relação entre a elocução e invenção vulgar e sua apropriação por letrados como Antônio da Fonseca Soares, configurando um “decoro vulgar”. Para o estudo dessa prática, em primeiro lugar, apontam-se alguns pressupostos metodológicos, como as noções de autoria e atribuição na cultura manuscrita seiscentista. Coube examinar, ainda, um aspecto relacionado à oralidade, que trabalha a sonoridade do verso e variação estrófica e a relação com expressões populares. Além disso, procurou-se compreender aspectos do decoro vulgar fonsequiano, em dois aspectos, um, que é uma manifestação engenhosa, que trabalha o conceito em construções or- nadas e, o segundo, uma manifestação epistolar, por meio dos romances-carta. Essa manifestação de um conjunto de temas (invenção) e sua organização (disposição) configuram uma noção mais clássica de ‘gênero’. Em uma única variável, a forma poemática, diferentes tipologias textuais e gêneros se manifestam como estruturas previsíveis, porém complexas. Esse reexame da forma poemática, tal como praticada por Antônio da Fonseca Soares, servirá para auxiliar a recuperação de princípios de composição (Retórica, Poética, Ars Dictaminis) que guiaram a apropriação que dele fizeram os letrados do século XVII.