Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Barbosa, Luana Aparecida |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/153778
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Resumo: |
O formaldeído (FA) é um composto químico produzido mundialmente e economicamente importante devido às suas diversas utilizações comerciais e industriais. A exposição ocupacional ao FA ocorre em uma variedade de profissões, incluindo cabelereiros. No Brasil, a utilização e/ou a adição de FA à alisantes capilares é proibido pela ANVISA, entretanto vem sendo uma prática comum, pois mesmo não apresentando FA em sua composição, esses produtos contêm outras substâncias que durante o procedimento de alisamento, promove a liberação de FA, em forma de vapor, expondo epiderme, mucosas e, principalmente vias respiratórias. O FA é tóxico para o homem, podendo levar a diversas manifestações sistêmicas em diferentes graus, tanto em indivíduos expostos esporadicamente, a exemplo dos usuários dos alisantes capilares, quanto para profissionais frequentemente expostos, sendo este risco proporcional à concentração do FA e frequência de exposição. Estudos prévios têm demonstrado diversas alterações em indivíduos expostos ao FA comparados àqueles não expostos como: elevação dos níveis de ácido fórmico na urina (produto final da metabolização do FA), dano de DNA (presença de micronúcleos e fragmentação de DNA), influência em células do sistema imunológico (natural killer, linfócitos T e B), diminuição nos níveis de glutationa (enzima envolvida na metabolização de FA), entre outros. O presente estudo objetivou avaliar se ocorre desequilíbrio no padrão de citocinas pró/anti-inflamatórias (IL-1β, IL-6, IL-8, IL-10, TNF-α e IL-12p70), quimiocinas séricas (ILP-10, MCP-1, MIG, RANTES), analisar marcadores de genotoxicidade (dano de DNA e mutações no receptor TCR) em indivíduos expostos crônica (n=21) ou esporadicamente ao FA (n=14), comparando com indivíduos que nunca utilizaram alisantes (n=10). Dos produtos prontos para uso que foram testados (n=10), 90% continham concentrações de FA acima do estabelecido pela legislação. Dos 21 cabeleireiros abordados, 18 (86%) afirmaram ter conhecimento sobre a presença de FA em seus produtos e 3 (14%) desconheciam essa informação. Em relação as medidas de segurança, uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) e proteção coletiva (EPCs): constatou-se que 86% dos profissionais fazem uso de luvas durante os procedimentos de alisamentos capilares; apenas 38% utilizam algum tipo de máscara de proteção, sendo mais utilizado o modelo de TNT simples, o qual não oferece nenhum nível de proteção para produtos químicos voláteis. Quanto aos sintomas, a irritação foi o sintoma mais frequente entre os profissionais cabeleireiros, sendo as irritações ocular, nasal e bucal as que mais se destacaram. Também foram relatados: lacrimejamento, enxaqueca, processos alérgicos, coceira e náusea. No grupo esporádico os sintomas de irritação e lacrimejamento também foram frequentes. Das citocinas pró/anti-inflamatórias e quimiocinas avaliadas na circulação observou-se tendência ao aumento em IL-8, tanto nos indivíduos expostos esporadicamente quanto aos expostos cronicamente comparados com o grupo controle, demonstrando associação positiva quanto a dose de exposição. Quanto a expressão da proteína H2AX, observou-se diferença significativa no grupo de exposição crônica comparado ao grupo controle (p= 0,0414),, sugerindo que a exposição a FA leva ao aumento do dano de DNA. Observou-se também aumento da apoptose de linfócitos periféricos nos indivíduos expostos esporadicamente no momento pós-exposição comparando com momento pré-exposição (p= 0,0313), o que nos leva a inferir que a exposição aguda leva ao aumento da renovação celular desses indivíduos. Quanto à mutação do TCR, observou-se diferença significativa no grupo de exposição crônica comparado ao grupo controle (p= 0,0430), possivelmente a exposição crônica ao FA sobrecarrega as vias de reparo celular e promove o surgimento de mutações, podendo em última instância levar ao câncer. Este trabalho permitiu-nos concluir que são necessárias orientações para implementações de práticas mais seguras nos salões de beleza. Tanto os profissionais quanto os usuários precisam ter informação quanto os riscos da exposição ao FA, de modo que façam uso de equipamentos de proteção que efetivamente tragam maior segurança a estas populações. São necessárias medidas de sensibilização dos órgãos competentes sobre a necessidade de fiscalização de produtos cosméticos contendo formaldeído em concentrações acima dos limites preconizados pela legislação brasileira. |