Avaliação da confiabilidade interobservadores e validação de construto do formulário POLST (physician orders for life-sustaining treatment) para documentação de preferências de cuidados no fim da vida

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Lovadini, Gustavo Bigaton [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: eng
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/197785
Resumo: No Brasil a maior parte dos profissionais e instituições de saúde ainda se encontram longe de constituírem uma rotina de discussão sobre preferências de cuidados no fim da vida junto a pacientes com prognóstico reservado. Esta corresponde a uma grande lacuna na atenção à saúde em nosso país, a qual frequentemente se associa a sofrimento evitável de pacientes e familiares, bem como ao mau uso dos recursos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Em 1991 nos Estados Unidos da América, foi iniciado um programa de discussão de preferências de cuidados no fim da vida denominado POLST (Physician Orders for Life-Sustaining Treatment). Trata-se de um sistema coordenado para evocar, documentar e comunicar as preferências de pacientes/familiares quanto a tratamentos prolongadores da vida para enfermos com expectativa de vida reduzida, de forma a orientar as condutas médicas em diferentes cenários de cuidados. Em nossa revisão de literatura identificamos a inexistência de estudos de avaliação da validade de construto ou da confiabilidade interobservadores desse formulário. Portanto, com o intuito de produzir dados que subsidiem a implantação do paradigma POLST no Brasil, a presente pesquisa teve como objetivo avaliar essas propriedades psicométricas desse instrumento, já adaptado para o Brasil, de acordo com o referencial do COSMIN (Consensus-based Standards for the selection of health Measurement Instruments). Dessa forma obtivemos como resultado dois artigos. O primeiro artigo avaliou a confiabilidade interobservadores do instrumento, ou seja, a estabilidade das prescrições de tratamentos médicos no fim da vida documentadas em formulários POLST quando pesquisadores diferentes entrevistavam em dias distintos um mesmo participante da pesquisa seguindo uma abordagem padronizada. De um total de 64 participantes entrevistados, houve 5 (8%) casos de discordância na comparação entre avaliações envolvendo ao menos uma das prescrições médicas de cuidados no fim da vida. A estatística Kappa revelou níveis elevados de concordância interobservadores em todos os itens do instrumento. O segundo artigo analisou a validade de construto do formulário POLST, ou seja, se as prescrições médicas documentadas por meio do instrumento refletiam as preferências de cuidados dos pacientes estudados conforme registaradas seguindo uma outra abordagem. A hipótese testada foi que a prescrição de cuidados no final da vida contida nos formulários POLST apresentaria elevado nível de concordância com a documentação em texto livre de entrevistas realizada por um médico experiente em cuidados paliativos seguindo a proposta de Sudore & Fried para discussões de planejamento antecipado de cuidados. Dos 62 pacientes entrevistados, houve 7 (11%) casos de discordância relativas a ao menos uma das prescrições de tratamentos no fim da vida, sendo que a análise dos dados utilizando da estatística Kappa novamente evidenciou elevada concordância entre as duas abordagens. Em conclusão, por um lado os resultados dos estudos que compõem essa tese fornecem evidências acerca da confiabilidade interobservadores e da validade de construto do formulário POLST, o que certamente contribuirá para a futura implantação desse paradigma no Brasil. Por outro lado, o fato de terem sido observados casos de discordâncias em ambas as pesquisas ressalta a complexidade envolvida em qualquer processo de planejamento antecipado de cuidados e aponta para a necessidade de que prescrições de tratamentos médicos no fim da vida registradas em formulários POLST sejam revisadas com frequência de modo a confirmar que as mesmas são consistentes com as preferências atuais dos pacientes.