O controle térmico nos caranguejos chama-maré: as estruturas sedimentares e a coloração podem auxiliar na termorregulação?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Fogo, Bruno Rafael
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/190924
Resumo: Os caranguejos chama-maré fazem parte de uma complexa rede de interações comportamentais. Os machos utilizam de múltiplos sinais para corte e atração de fêmeas ou para interações agonísticas com outros machos. Entre estes, estão a construção de estruturas sedimentares e mudanças na coloração corporal. Embora estudos tenham mostrado as funções comportamentais destes sinais, pouco se sabe de seus efeitos em resposta aos fatores ambientais, como por exemplo, a temperatura. Nós investigamos se a coloração, ou as estruturas sedimentares, as “cúpulas”, construídas pelos machos de Leptuca letptodactyla podem auxiliar na termorregulação. Em campo, a contagem de cúpulas, a temperatura das camadas internas das tocas, a temperatura corporal e o comportamento dos machos construtores e não construtores de cúpulas foram avaliados, assim como a taxa de aquecimento dos machos de diferentes padrões de cor sob a radiação incidente. Através da análise digital de imagens, diferentes métricas de cor foram utilizadas para quantificar como a coloração dos caranguejos altera de acordo com a temperatura corporal, ou entre construtores e não construtores de cúpulas. As cúpulas foram diretamente relacionadas com o aumento da temperatura do solo. As tocas com cúpulas apresentaram temperaturas mais amenas nas camadas superficiais (até 20 mm) do que as tocas sem cúpulas. Em relação a coloração, machos construtores tiveram menos tons de verde e maior brilho (%) em suas carapaças, enquanto apresentaram quelípodos mais ricos em cor (mais saturados), se comparado aos machos não construtores. A saturação da carapaça e do quelípodo variaram de acordo com a temperatura do corpo. Os comportamentos sob a superfície e abaixo dela também diferiram entre construtores e não construtores. Os machos com cúpulas de nossas filmagens apresentaram uma maior redução percentual da temperatura corporal do que os machos sem cúpula. Tais machos tiveram maior brilho e menor saturação em suas carapaças, indicando uma relação da coloração com a termorregulação. Além disso, no experimento de aquecimento sob a radiação incidente, os machos com carapaças mais saturadas (mais escuros) aqueceram mais rápido e tiveram maior temperatura corporal do que os machos carapaças menos saturadas (mais claros). Novamente, a saturação se mostrou um importante preditor da temperatura corporal entre machos de diferentes padrões de cor. Nosso conjunto de resultados evidenciam um efeito integrativo da cúpula e da coloração na diminuição da temperatura corporal dos machos construtores. As cúpulas e a coloração dos machos de L. leptodactyla podem ter evoluído para elucidar importantes funções comportamentais e fisiológicas sob a superfície. O efeito sinérgico destes dois atributos expressados pelos machos de L. leptodactyla, podem propiciar proteção contra o superaquecimento, maior tempo de atividade sob o solo e garantir a sobrevivência desses organismos ectotérmicos em ambientes de pouca vegetação e alta incidência solar.