Crescimento setorial no Brasil, 1960 a 2001: simulação de políticas macroeconômicas alternativas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Cypriano, Luiz Alberto Cypriano
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/9069
Resumo: Este estudo abordou o desempenho do crescimento econômico brasileiro nas últimas quatro décadas. Apesar de períodos com ciclos de crescimento e de crises até o final da década de 70, a economia apresentou taxas elevadas de crescimento do produto, enquanto as décadas seguintes foram marcadas pelos graves desequilíbrios internos, em virtude da inflação, e externos, em razão da dívida, os quais ocasionaram baixa taxa de crescimento do produto e da renda per capita. O baixo crescimento econômico, em conseqüência de choques externos ou mesmo da adoção de políticas econômicas erradas, pode causar ineficiência na alocação dos recursos produtivos, desemprego, queda na produtividade e na competitividade, em um processo de degradação econômica com efeitos na economia e na sociedade. Determinar os efeitos das políticas econômicas na composição setorial do produto e seus impactos no crescimento econômico brasileiro, no período de 1960 a 2001, foi o objetivo principal desde estudo. Para sua consecução, foi elaborado um modelo econométrico e estimados os parâmetros que determinam as principais relações entre as variáveis macroeconômicas no Brasil. O modelo é composto de quatro blocos de equações, definidos da seguinte forma: taxa de câmbio real, preços setoriais e abertura comercial; produção setorial; dispêndio da economia; e alocação dos recursos produtivos. Parte-se da concepção de que o ambiente macroeconômico, que envolve as relações entre as diversas variáveis, determina os preços, os investimentos e a produção. A partir do modelo, foram feitas simulações que envolveram choques nas variáveis de política monetária, fiscal e de abertura econômica, possibilitando mensurar o impacto de políticas alternativas no crescimento econômico, principalmente nas décadas de 80 e 90, consideradas “décadas perdidas”. Choques nessas variáveis, simulando a antecipação do ajuste na economia brasileira aos choques do petróleo e da taxa de juros no mercado internacional, no período de 1974 a 1983, com gradual componente contracionista, resultou em crescimento no produto menor do que o observado. Houve impacto no setor agrícola, causando queda no produto, nos salários, na taxa de retorno ao investimento e no produto médio do trabalho. Os preços reais nesse setor, que aumentaram efetivamente no período, com a simulação estabilizaram-se. O setor não-agrícola também foi impactado negativamente, entretanto, com menos intensidade do que o agrícola, cujo produto continuou a crescer, à taxa menor do que a observada, apesar de queda nos demais indicadores. A estabilização dos preços reais no setor agrícola e a queda desses no setor não-agrícola permitiram inferir que menores pressões sobre os preços nominais ocorreriam com a simulação e, portanto, a inflação seria controlada. As variáveis de comércio internacional foram afetadas pela queda nas exportações e nas importações, que é explicada pelo menor crescimento da economia e pela política de menor abertura comercial simulada. Esse resultado indica que o problema relativo à crise na dívida externa, no início dos anos 80, poderia não existir, se as políticas alternativas simuladas tivessem sido adotadas. O consumo e o investimento privado também tiveram taxas de crescimento reduzidas pela simulação, em virtude da política fiscal contracionista que afeta a demanda agregada. Choques com políticas econômicas expansionistas foram simulados no período de 1984 a 1994, ou seja, após o ajuste simulado, e os resultados mostraram que os indicadores básicos de crescimento do produto cresceram a taxas maiores do que as observadas. O setor agrícola novamente respondeu mais efetivamente às políticas simuladas, em virtude de sua maior abertura ao comércio internacional, do que o não-agrícola, que se caracteriza pela baixa exposição de seus produtos ao mercado internacional. Portanto, as políticas macroeconômicas afetam, com intensidades distintas, os setores da economia, o que deve ser levado em consideração na formulação das políticas econômicas. Por terem sido mal conduzidas, essas políticas resultaram em grandes desequilíbrios macroeconômicos que se estenderam durante as duas últimas décadas e que, se tivessem sido aplicadas para manter os indicadores básicos equilibrados, poderiam ter resultado em crescimento contínuo e sustentado.