Da antiga à Nova Soberbo: contradições da modernidade no processo de deslocamento/reassentamento das famílias atingidas pela UHE Candonga

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Bortone, Fabiane Aparecida Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Economia familiar; Estudo da família; Teoria econômica e Educação do consumidor
Mestrado em Economia Doméstica
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/3311
Resumo: Este trabalho analisou um caso específico de deslocamento/ reassentamento de famílias atingidas por construção de barragem. A implantação da UHE Candonga, no distrito de Santa Cruz do Escalvado, impôs o deslocamento das famílias, antigas moradoras do distrito de São Sebastião do Soberbo, para Nova Soberbo, assentamento construído artificialmente para abrigar os atingidos. Nesse contexto, o trabalho parte de uma análise qualitativa, na qual se buscou analisar, a partir das perspectivas das famílias atingidas, a antiga São Sebastião do Soberbo e a Nova Soberbo, por meio das mudanças espaciais, econômicas, sociais e culturais. A tese apóia-se em referenciais teóricos que chamam a atenção para as contradições decorrentes do processo de modernização. Entende-se que a construção de barragem evidencia a lógica da racionalidade capitalista, pautada na busca do desenvolvimento e progresso , e da necessidade cada vez maior de energia para manter e acelerar o crescimento do país. Assim como em todo processo de implantação de projetos de barragens, o processo de deslocamento é sempre permeado por conflitos, representados pelos interesses antagônicos entre os empreendedores do projeto e os atingidos, que, acreditando nas promessas feitas, inicialmente desejaram a barragem. O deslocamento, embora mascarado pela possibilidade de uma vida melhor, não foi capaz de reproduzir os modos e as condições de vida das famílias, anteriormente ribeirinhas. Assim, a migração, que em algum momento pode ter representado a possibilidade de novas oportunidades para aqueles que se deslocaram do distrito, posteriormente passou a se apresentar como a única opção para as famílias, obrigadas a saírem de suas terras para dar lugar ao lago da barragem. Neste contexto, é a racionalidade da ordem global que impõe a todos uma forma única de viver e que, diante disso, é desterritorializadora. O resultado desta pesquisa torna visível que a implantação de um projeto hidrelétrico gera conseqüências muito maiores do que aquelas previstas nos seus estudos de impactos. Esses projetos rompem com costumes, práticas sociais e modos de vida em função do uso e da apropriação do espaço para fins particulares.