A representação de crianças e adolescentes sobre os resíduos sólidos: um estudo a partir do método clínico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Santos, Eliane Cristina
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Economia familiar; Estudo da família; Teoria econômica e Educação do consumidor
Mestrado em Economia Doméstica
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/3388
Resumo: A questão dos resíduos sólidos tem levantado discussões e grande preocupação pelo seu aumento exponencial ao longo dos últimos anos. Muitas dessas reflexões tem apontado várias soluções técnicas, como aumento do número de lixeiras nas cidades, de profissionais qualificados para o serviço, melhorias nos serviços de coleta, reciclagem e destino dos resíduos sólidos, dentre outros. No entanto, a conscientização dos indivíduos frente a essas questões não tem se intensificado. As pesquisas que privilegiam o estudo do conhecimento social, assim como a nossa, tem sido de grande importância para ampliação do conhecimento sobre vários temas. Acreditamos que as crianças e adolescentes tem o que dizer e contribuir sobre a questão dos resíduos sólidos, pois estão inseridos em uma sociedade que vivenciam as questões referentes ao conceito, formação, manutenção e destinação dos resíduos. Assim, nossa pesquisa buscou conhecer a evolução no pensamento de crianças e adolescentes sobre o conceito e formação dos resíduos sólidos; e a manutenção e destinação dos resíduos sólidos. A hipótese que norteou nosso estudo foi de que, ao longo do desenvolvimento, crianças e adolescentes possuem ideias diferentes acerca do conceito, formação, manutenção e destino dos resíduos sólidos e estas ideias mostram como o conhecimento sobre esse tema está sendo construído por elas desde muito cedo. Essas ideias são diferentes por causa da estrutura de pensamento, essas crianças desde muito pequenas tem o que dizer sobre os resíduos sólidos, no que diz respeito ao conceito, formação, manutenção e destino. Ao longo do desenvolvimento o nível de compreensão vai evoluindo e tornando-se mais complexo, mas tem como base a formação do período anterior. A maneira como os resíduos sólidos são considerados pelas crianças e adolescentes vai depender de como a sociedade, a família e a escola percebem este problema e o apresentam para as crianças e adolescentes, além de que esses sujeitos podem trazer novas maneiras de pensar sobre esse conteúdo. Partindo deste pressuposto, o objetivo geral desta pesquisa foi analisar a representação que crianças e adolescentes de 5 a 13 anos, em uma instituição escolar que tinha um projeto de educação ambiental, no município de Viçosa, MG, têm sobre o conceito, formação, manutenção e destinação dos resíduos sólidos e a sua relação com o meio ambiente. Utilizamos o método clínico piagetiano como procedimento de coleta e análise dos dados, método esse que tem como instrumento de coleta de dados a entrevista clínica, constituída de perguntas básicas e complementares e material de apoio. A amostra foi constituída por 36 sujeitos de 5 a 13 anos de idade matriculadas em uma escola particular, que atende da Educação Infantil ao Ensino Médio. As idades foram divididas dentro dos estágios de desenvolvimento organizados por Piaget: 5 a 7 (pré-operatório), 8 a 10 (operatório concreto) e 11 a 13 (operatório formal). Dentro da temática dos resíduos sólidos, distinguimos duas categorias: o conceito e formação dos resíduos sólidos; manutenção e destinação dos resíduos sólidos, dentro dessas categorias as respostas foram classificadas em Pré-I, Nível I, Nível II e Nível III para análise qualitativa dos dados. Não obtivemos respostas classificadas no nível pré-I. As respostas classificadas no nível I baseiam-se nas realidades cotidianas e tem-se dificuldade de ampliar as questões para o que não é próximo ao cotidiano. No nível II as respostas são baseadas em uma realidade mais realista com relação aos resíduos sólidos e começa-se a perceber as relações sociais nos problemas ambientais. No nível III as respostas são críticas com a ordem social existente, emitem-se juízo sobre o que está bom ou o que não está de acordo com a ordem social e propõe-se soluções e alternativas. As representações confirmaram uma evolução no pensamento no qual crianças mais novas elaboram conceitos a partir de questões mais evidentes, enquanto as mais velhas conseguem coordenar diferentes variáveis sobre os temas abordados e a trabalhar com os possíveis. Embora as crianças pequenas não tenham visão mais complexa da realidade, já podem refletir e falar sobre o tema. Consideramos que é importante conhecer o percurso do conhecimento social para trabalhar com crianças e adolescentes. É com a escuta de crianças e adolescentes que podemos refletir como este tema está sendo vivenciado e construído por esses sujeitos, suas famílias, escola e sociedade. Este estudo é um recorte da realidade de um tema amplo, sendo fundamental outros estudos que busquem o conhecimento sobre como essas questões são trabalhadas e vivenciadas pela sociedade. Só assim podemos inferir sobre como são considerados os resíduos sólidos em nossa sociedade.