Suscetibilidade de abelhas sem ferrão ao inseticida dimetoato

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Barbosa, Andreza Ribas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/31852
https://doi.org/10.47328/ufvbbt.2023.669
Resumo: As abelhas sem ferrão (Meliponini) constituem o maior grupo de polinizadores tropicais e subtropicais do mundo e têm enfrentado um declínio associado a diversos fatores, como o uso extensivo de agroquímicos. A falta de dados sobre a suscetibilidade desses polinizadores levanta dúvidas sobre a extrapolação adequada dos resultados de toxicidade baseados na espécie exótica Apis mellifera, comumente utilizada nos processos de registro e uso de agroquímicos no Brasil. Este estudo teve como objetivo avaliar a toxicidade aguda do inseticida neurotóxico dimetoato (composto referência em testes laboratoriais de toxicidade aguda em abelhas) em abelhas sem ferrão, comparando com os resultados obtidos para A. mellifera. Foram investigadas diversas espécies de abelhas sem ferrão, incluindo Melipona quadrifasciata, Melipona mondury, Melipona scutellaris, Scaptotrigona bipunctata, Scaptotrigona xanthotricha, Tetragona clavipes, Partamona helleri, Friseomelitta varia, Trigona spinipes, Tetragonisca angustula (forrageiras) e Plebeia droryana (operárias adultas). As abelhas foram expostas ao dimetoato conforme os protocolos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) para exposição aguda oral e por contato. A sobrevivência foi avaliada até 96 horas e as doses letais médias (DL 50) em 24 horas foram estimadas para ambos os tipos de exposição em cada espécie. As DL 50-24h foram utilizadas para obter as curvas de distribuição da sensibilidade das espécies e determinar a dose de efeito (HD5). Também foi analisado o peso corporal como um preditor da sensibilidade interespecífica. O dimetoato afetou a taxa de sobrevivência de todas as espécies. Melipona scutellaris exibiu a maior DL50 para a exposição oral (0,064 µg i.a./abelha), T. spinipes apresentou a maior DL50 para a exposição por contato (0,041 µg i.a./abelha), enquanto S. xanthotricha e T. angustula apresentaram menores DL50 para exposição oral (0,0087 µg i.a./abelha) e exposição por contato (0,0020 µg i.a./abelha), respectivamente. Através do cálculo do fator de extrapolação (DL50-24h A. mellifera/10x) utilizado como referência nas estimativas de risco oral (0,0045 µg i.a./abelha) e contato (0,0041 µg i.a./abelha), foi verificado que a maioria das espécies de abelhas sem ferrão testadas nas duas formas de exposição apresentou um nível de proteção adequado, com exceção de T. angustula e P. droryana na exposição por contato. O valor de HD5, obtido através da Análise de Sensibilidade das espécies, foi de 0,013 µg i.a./abelha para exposição oral e 0,0022 µg i.a./abelha para exposição por contato. Além disso, a suscetibilidade variou entre as espécies de acordo com o tipo de exposição (contato ou oral), e A. mellifera foi menos suscetível ao dimetoato do que a maioria das espécies sem ferrão. O peso corporal não se mostrou um preditor estatisticamente significativo da suscetibilidade. Esses resultados indicam que o dimetoato é potencialmente tóxico e prejudicial à sobrevivência das 12 espécies de abelhas, tanto na exposição oral quanto por contato. Esses dados são relevantes para uma inclusão adequada das diferentes espécies de abelhas sem ferrão na avaliação de risco, representando um avanço na compreensão dos efeitos dos pesticidas em Meliponini. Palavras-chave: Abelhas nativas. Toxicidade. Meliponini. Organofosforado. Curvas de distribuição da sensibilidade das espécies.