Comportamento agressor e suscetibilidade a pesticidas em abelhas sem ferrão e Apis mellifera

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Araujo, Micaele Feitosa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/27306
Resumo: Existem várias evidências no meio ambiente que demonstram os benefícios e a extraordinária contribuição das abelhas para preservação da vida vegetal e manutenção da variabilidade genética. Apesar de sua importância, o número de perdas de indivíduos por colônia aumentou ao longo dos anos. Portanto, este trabalho foi realizado com o objetivo de se avaliar o comportamento defensivo das duas espécies nativas Scaptotrigona depilis e Partamona helleri com a espécie africanizada Apis mellifera e as susceptibilidade destas espécies a pesticidas (i.e., os inseticidas deltametrina e imidaclopride; os fungicidas clorotalonil, tiofanato metílico e a mistura entre eles – cerconil) usualmente aplicados na cultura do meloeiro. Para se estudar o comportamento de defensividade de A. mellifera e de P. helleri, dois sets de experimentos foram realizados. No primeiro deles, as abelhas sem ferrão não tinham a chance de escolher se ficariam em um ambiente livre do enfrentamento com A. mellifera. No segundo set de experimentação, as abelhas sem ferrão puderam optar pelo enfrentamento ou não. Nos experimentos sem chance de escolha, duas temperaturas (i.e., 28 oC e 34oC) de maneira a condici- onar o enfrentamento nas temperaturas mais próximas que estes organismos enfrentariam em suas respectivas colônias. A mesma exposição foram feitas com S.depilis e A.mellifera e no bioensaio com chance de escape, a espécie africanizada foi a de maior proporção. No experimento de competição entre P.helleri e A. melifera sem chance de escolha, a espécie nativa apresentou uma alta mortalidade em ambas as temperaturas, já a abelha africanizada um grande sucesso em todos os tratamentos. Quando P.helleri foi exposta ao tratamento com chance de escape, na temperatura de 28°C, observou-se que ela mesmo tendo a possibilidade de evitar o combate com A.mellifera, ela o fez e assim ao final de cinco horas foram observados uma elevada mortalidada. Entre S.depilis e A.mellifera, as abelhas nativas apresentaram maior sobrevivência em todos os tratamentos analisados e A.mellifera uma alta mortalidade. Mesmo quando a es- pécies africanizadas estavam com maior densidade se manteve o expressivo número de mortos. Já os ensaios toxicológicos mostraram uma elevada mortalidade da abelha nativa P.helleri comparada com A.mellifera quando ambas foram expostas aos insetici- das deltametrina, imidaclopride e ao fungicida cerconil. Os resultados demonstraram que o cerconil apresenta uma toxicidade tão alta quanto o imidaclopride e cerca de 400 vezes mais tóxico do que a deltametrina para A. mellifera. No entanto, quando as abelhas foram expostas aos seus ingredientes ativos tiofanato metílico e clorotalonil , não foram observados níveis elevados de mortalidade em ambas as espécies. Quando o cerconil foi adicionado a caldas inseticidas contendo imidaclopride ou deltametrina, observou-se um aumento da ação inseticidas destes compostos. A mistura de imidaclopride com a formulação fungicida que contém ambos os ingredientes ativos não-EBI (cerconil), a mortalidade de A. mellifera foi 1.589,8 vezes mais elevada do que a observada para o imidaclopride sozinho. Em P. helleri , misturas de fungicidas com imidaclopride também potencializou os efeitos deste em 197 vezes. Misturas de ambos os ingredientes dos fungicidas não-EBI (Cerconil) em conjunto com deltame- trina, provocou um pequeno aumento na mortalidade de A. mellifera, mais 177 vezes de aumento em P. helleri comparado com deltametrina sozinho. Assim, P. helleri foi cerca de 4300,4 vezes mais susceptível do que A. mellifera à mistura de deltametrina e a formulação fungicida que contém ambos os ingredientes ativos não-EBI. Portanto, nesta dissertação fica demonstrado que a ação sinérgica de pesticidas oferece maiores riscos as abelhas nativas e sem ferrão do que a A. mellifera, o que coloca em cheque todos os estudos toxicológicos que consideram determinados produtos seguros para polinizadores simplesmente pelo fato de os mesmos serem pouco tóxicos a A. mellifera.