Mudanças climáticas e seus impactos econômicos sobre a saúde humana: Uma análise da leishmaniose e da dengue no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Mendes, Chrystian Soares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Economia e Gerenciamento do Agronegócio; Economia das Relações Internacionais; Economia dos Recursos
Doutorado em Economia Aplicada
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/155
Resumo: Crescentes mudanças têm ocorrido no clima nos últimos 50 anos no Brasil e no mundo. Tais modificações podem ter impacto sobre toda a sociedade, seja na produção agrícola, no aumento do nível dos oceanos e na saúde humana e animal. No que diz respeito a saúde humana, as mudanças climáticas podem ter diferentes efeitos, sejam eles diretos (ondas de calor, mortes por eventos extremos) ou indiretos (modificação do ecossistema, dos ciclos biogeoquímicos que permitem a elevação de doenças infecciosas e também de doenças não transmissíveis, como desnutrição). Neste sentido, o Brasil é um país que possui um perfil de grande vulnerabilidade climática sobre a saúde, dada a sua grande extensão territorial, diferentes perfis de climas, além das grandes desigualdades socioeconômicas regionais. Deste modo, o presente estudo buscou verificar como as mudanças climáticas afetam a proliferação de doenças vetoriais, no caso a leishmaniose e a dengue, bem como mensurar seu impacto sobre os custos relacionados à saúde no Brasil. Assim, buscou-se estimar como as variações de temperatura e precipitação afetam a disseminação da leishmaniose e dengue no presente e para os cenários de previsão futura A1B e A2 nos períodos de 2010-2039, 2040-2069 e 2070-2099, bem como analisar o efeito migratório decorrente das alterações do clima no número de internações hospitalares na região Nordeste. Por último, calculou-se o custo médio com tratamento da leishmaniose, bem como a perda de renda média por dias de internação e o custo médio das internações por dengue e leishmaniose. Os principais resultados foram que a precipitação possui forte relação com a incidência de leishmaniose, isto é, impacta positivamente na proliferação da doença. No caso da dengue, ela é afetada tanto pela temperatura como pela precipitação, porém as faixas de temperatura mais elevadas têm impacto maior que os níveis de chuva. Em relação ao número de internações adicionais por ambas as doenças nos períodos de 2010-2039, 2040-2069 e 2070- 2099, as estimativas indicam que haverá uma grande elevação tanto para leishmaniose como para dengue. Para o final do século (2070-2099), a quantidade anual de internações por leishmaniose no cenário mais pessimista se eleva em cerca de 15% em relação a 1992-2002 (cenário base), enquanto que para a dengue esse aumento pode chegar a mais de 200%. Com relação a análise migratória, observou-se que uma redução das chuvas nos municípios mais secos pode causar uma elevação de número de internações por leishmaniose nas regiões mais populosas, dado que os indivíduos podem migrar e levar consigo o parasita transmissor da doença. Em relação aos custos relacionados à saúde, as estimativas mostram que para a leishmaniose haverá, em relação a renda média, uma perda de R$ 1,9 milhões para o final século. Já as de custo médio de internação preveem uma elevação média do início do século até o período final de 57% ao ano pelo cenário A1B.A dengue, por sua vez, registrou uma elevação ainda mais intensa que a da leishmaniose, pois em algumas regiões as perdas de renda média totalizaram mais de R$ 11 milhões (cenário A2) no período de 2070-2099. Já os custos médios das internações apresentarão um aumento médio de 275% ao ano do período de 2010-2039 para o de 2070-2099 pelo cenário A1B. Em suma, os resultados mostram que as mudanças climáticas terão forte impacto sobre a disseminação e o custo da leishmaniose e dengue nas regiões brasileiras.