O acesso ao ensino agrotécnico como fator de emancipação e formação profissional de jovens negras

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Euclides, Maria Simone
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Instituições sociais e desenvolvimento; Cultura, processos sociais e conhecimento
Mestrado em Extensão Rural
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/4163
Resumo: O objetivo da pesquisa foi analisar as possibilidades de acesso e permanência de estudantes negras em uma instituição de perfil agrotécnica, especificamente a instituição federal de Barbacena- MG; uma das instituições federais que historicamente tem sido uma das possibilidades de acesso para esta camada da população. Analisamos a realidade das estudantes que frequentaram, desde 2003, a Escola Agrotécnica de Barbacena- MG, atualmente IF- Sudeste Barbacena. Partiu-se da hipótese que a cor da pele e o gênero atuariam como limites tanto para o ingresso delas nas instituições agrotécnicas, quanto para a entrada no mundo do trabalho tendo em vista as facetas de racismo e sexismo que ainda imperam na sociedade brasileira. A pesquisa foi realizada em duas etapas: levantamento dos dados relativos a todos (as) os (as) estudantes que ingressaram na instituição entre os anos de 2003 a 2011 junto a Secretaria Escolar da instituição; e realização de entrevistas com as estudantes negras identificadas durante a consulta das fichas de matrícula. Na primeira etapa, trabalhamos com o quesito atribuição racial tomando como parâmetro de classificação os critérios utilizados pelo IBGE. Do total de informações de 3989 estudantes, foi encontrado um número de 207 alunas negras, dentre essas 64 concluíram o curso; 80 não concluíram e 63 estão em curso. Para a realização das entrevistas procuramos atingir toda a população de estudantes negras identificada. Procuramos estabelecer contato, inicialmente, por telefone, depois através de carta endereçada à residência e e-mail. No total, foram realizadas 35 entrevistas com as estudantes ingressas; 29 com as estudantes egressas e entrevistas por telefone com as 60 estudantes que não concluíram os cursos técnicos. As entrevistas possuíram um caráter dialógico buscando estabelecer o contexto social, familiar e econômico nos quais as estudantes estão inseridas. Já com as estudantes que não concluíram o curso o objetivo foi compreender o porquê da evasão. Dentre as entrevistas realizadas com as estudantes ingressas e egressas fica explícita a percepção de que o racismo e o sexismo existem, porém, não são situações capazes de impedir que as mesmas buscassem e conquistassem espaços quer seja na instituição, quer seja no mundo do trabalho. No caso das estudantes egressas, ao afirmarem que são bem resolvidas com tais questões enfatizaram que não seria exatamente a cor da pele e o sexo que impediriam a sua ascensão, mas, sim as competências e habilidades adquiridas, principalmente, no espaço escolar. Enfatizaram ainda que nesse processo de transgredir as marcas físicas que aparentemente as diferem das (os) demais estudantes, o retorno a si mesmas e a não preocupação com o olhar alheio, foram relevantes para o processo de superação de seus possíveis limites; demonstrando assim que um dos caminhos de enfrentar as barreiras encontradas poderia estar, portanto, na maneira subjetiva como elas interpretam as várias situações que vivenciam. Tal discurso nos colocou algumas indagações: seria o racismo além de sociológico também psicológico? De que maneira pensar em ações concretas para construção de identidades positivas? Qual o papel das políticas públicas em proporcionar maior equidade social?