Ingresso no Ensino Superior: trajetórias e sentidos atribuídos por estudantes e professores de um cursinho popular

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: RIBEIRO, Guilherme Faria
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Brasil
UFTM
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://bdtd.uftm.edu.br/handle/123456789/1535
Resumo: O acesso de sujeitos das camadas populares da sociedade ao Ensino Superior foi sistematicamente negado por muito tempo. Estudos mostram que o sistema educacional brasileiro evidencia muitas desigualdades no acesso, na progressão e na conclusão. As ações afirmativas foram criadas para corrigir desigualdades históricas e uma das estratégias tem sido a criação de cursinhos populares, os quais são serviços ofertados para alunos advindos de escolas públicas. Desta forma, o objetivo geral desta dissertação foi compreender trajetórias e sentidos atribuídos por estudantes e professores de um cursinho popular sobre o ingresso no Ensino Superior. A dissertação está dividida em duas pesquisas-ação, de corte transversal, amparadas em enfoque qualitativo, realizadas em um cursinho popular de uma universidade pública do interior mineiro. Nos dois estudos os Participantes foram recrutados por meio de contato prévio do pesquisador com a instituição responsável pelo projeto. A participação dos estudantes foi voluntária, após esclarecimentos formais terem sido apresentados. Os dados foram coletados em ambiente seguro, que resguardou conforto físico e psicológico dos estudantes. Em ambos os estudos o anonimato das identidades e o sigilo das informações foram mantidos. O Estudo 1 teve como objetivo compreender como os estudantes significam o processo de viver o cursinho popular e as expectativas relacionadas ao ingresso no Ensino Superior. Sete estudantes participaram, com média de idade de 18,1 anos. Três encontros semanais, seguindo a proposta de Grupos Operativos (GO), e um questionário sociodemográfico para caracterização da amostra foram instrumentos utilizados para coletar dados. Utilizaram-se objetos mediadores a fim de contemplar questões relacionadas aos objetivos específicos da pesquisa. O corpus deste estudo foram os questionários sociodemográficos e a audiogravação dos encontros grupais. Os dados foram organizados por emergentes grupais e analisados à luz da teoria dos GO. Percebeu-se que o processo de preparo do estudante é marcado por variáveis que muitas vezes podem gerar adoecimentos. Porém, a realização dos grupos facilitou a compreensão de alianças inconscientes e de movimentos grupais que auxiliaram os Participantes a terem consciência do que sentiam e a construírem recursos simbólicos para lidarem com a vivência do cursinho e com as expectativas sobre o ingresso na universidade. Os GO mostraram-se como possível fonte de suporte e como estratégia de promoção de saúde nesse cenário. O Estudo 2 objetivou compreender os sentidos atribuídos pelos professores do cursinho sobre suas experiências como formadores de seus estudantes. Ele teve como Participantes quinze professores, estudantes universitários e voluntários, com média de idades de 23 anos e com pelo menos seis meses de atuação no cursinho. Um roteiro de entrevista semidirigida foi instrumento utilizado para coletar dados e foi aplicado individualmente. As entrevistas foram audiogravadas e transcritas na íntegra e de forma literal. Os dados foram organizados pela análise temática de Braun e Clarke e analisados utilizando-se literatura da área, tais como Freire, Zago, Whitaker. Os docentes ingressam no cursinho por identificações pessoais e acreditam no alcance social do projeto. Além disso, veem-se como formadores, possuem uma relação próxima com os estudantes, mas sentem dificuldade em relação a tópicos que perpassam a didática para o ensino. Por fim, constatou-se que os professores identificam as dificuldades que seus alunos apresentam no preparo para enfrentar processos seletivos, mas essas questões pouco se estendem aos conteúdos transmitidos, como forma de efetivar a Educação Popular. A educação proporcionada pelo cursinho mostra-se como possibilidade de se alcançar a Educação Popular, a fim de efetivar a democratização do Ensino Superior, porém, isso se apresenta como um desafio frente à lógica de um sistema mais pautado em aprovações do que em emancipação de cidadãos.