Crês em sonhos? O fantástico e o onírico em Machado de Assis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Souza, Fernanda Alves de [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/71324
Resumo: Nesta dissertação denominada Crês em sonhos? O fantástico e onírico em Machado de Assis, buscamos trazer uma face do autor ainda pouco estudada se comparada com os estudos dos romances (embora haja estudos pontuais sobre o tema). Em razão disso, o objetivo desta pesquisa busca compreender a construção da narrativa fantástica com foco no onírico, observando como o autor utiliza o sonho como o local de possibilidade dos acontecimentos insólitos. A pesquisa investiga o percurso criativo de alguns contos do autor, que leva o leitor a uma atmosfera de incertezas entre o real e o irreal, criando o suspense na narrativa. Sendo assim, selecionamos cinco contos como corpus para este estudo: "Uma Excursão Milagrosa" (1866), "O Capitão Mendonça"(1870), "A Chinela Turca" (1875),"Entre Santos"(1886), "Um Sonho e Outro Sonho"(1892). Tal escolha se justifica porque neles se apresentam narrativas que possuem como eixo principal o uso do onírico para instaurar o fantástico. Em termos teóricos, recorremos a Filipe Furtado (1980), Remo Ceserani (2006), David Roas (2014) e Rosalba Campra (2008), que, em geral, compreendem o fantástico como uma das possibilidades de desafiar a lógica, a razão e a realidade cotidiana do leitor. Adotamos ainda estudos sobre o medo, como os de H.P. Lovecraft (1927), buscando entender o efeito do suspense na narrativa. Além disso, trabalhamos com os escritos sobre o mundo onírico de Carl Gustav Jung (1946), Freud (1902), Flávio Kothe (1980), Roger Caillois (1978) e os conceitos sobre imaginação e imaginário de Gaston Bachelard (1960) e Gilbert Durand (1993). A partir do prisma metodológico analítico-interpretativo, podemos afirmar que o autor utiliza o clima de suspense para seduzir o leitor a acreditar no universo insólito que está sendo narrado por meio do sonho, deixando-o, muitas vezes, com uma sensação de ambiguidade em relação aos acontecimentos sobrenaturais e/ou irreais. Além disso, em nossa hipótese de leitura, os contos machadianos trazem elementos do inconsciente coletivo que indicam a manifestação de medos e inseguranças do sujeito social do período oitocentista. Em suma, analisamos de forma crítica como as experiências vivenciadas pelas personagens protagonistas podem ser interpretadas como frutos de seus temores e aflições.