Glomeruloesclerose segmentar e focal pós-transplante renal: diagnóstico e fatores prognósticos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Mata, Gustavo Ferreira da [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/62498
Resumo: Introdução: A despeito dos avanços nas terapias dialíticas, o transplante renal mostrase como a melhor terapia para o tratamento da doença renal crônica em estágio final. Contudo, a sobrevida do enxerto depende de fatores variados: idade do enxerto, tempo de isquemia fria, ocorrência de rejeições, adesão ao tratamento, regime imunossupressor, compatibilidade, tipo de doador, doença de base do receptor, entre outros. Dentre as doenças glomerulares que comumente progridem para a doença renal crônica terminal, a glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) ocupa posição de destaque por sua prevalência e por sua alta recorrência após transplante renal. Após o transplante, a doença pode recorrer em 15-52% dos casos e, se não tratada, leva à perda precoce do enxerto em mais de 50% dos casos. Objetivo: realizar análise descritiva de uma coorte de pacientes com GESF póstransplante renal quanto às características demográficas do receptor e do doador, evolução clínica, resposta a tratamento e progressão da doença glomerular para “perda do enxerto”. Material e Método: trata-se de um estudo de coorte retrospectiva, incluindo pacientes adolescentes e adultos, submetidos a transplante renal com doadores vivos e falecidos entre janeiro de 1999 e setembro de 2014, no Setor de Transplantes (Disciplina de Nefrologia) da Universidade Federal de São Paulo/Hospital do Rim, São Paulo (SP), Brasil. Resultados: no período correspondente ao estudo foram identificados 88 pacientes com diagnóstico de GESF pós-transplante. A média de idade dos pacientes nesta amostra foi de 29,1 ± 13,3 anos no momento do transplante, com predomínio de pacientes do sexo masculino e de raça branca. Transplantes com doadores falecidos predominaram (60,9%). Dentre estes, 25,6% foram realizados com doador de critério expandido. A função tardia do enxerto ocorreu em 47,6% dos receptores. O tempo médio de aparecimento de proteinúria superior a 0,5g/g foi de 20,51 ± 20,88 dias. A indicação de biópsia do enxerto renal devida à suspeita de GESF ocorreu com mediana de 79 dias, no entanto características histológicas da GESF foram verificadas, na maioria das vezes, em biópsias subsequentes, sendo o tempo médio de aparecimento das alterações histológicas de 164,56 ± 375,89 dias. Apenas 21,5% dos pacientes tiveram características histológicas da GESF na primeira biópsia do enxerto realizada. A grande maioria dos pacientes (90,80%) foi submetida a pulsoterapia com metilprednisolona associada à plasmaférese (70,10%). Tomando-se um período de 60 meses após o transplante renal, 44,16% dos pacientes tiveram remissão parcial, 25,97% remissão completa e 29,87% não apresentaram remissão. Contudo, 50,60% dos pacientes evoluíram com a perda do enxerto, sendo 77,27% secundária a GESF. Após 12 meses de transplante, a creatinina sérica foi, em média, de 1,94 ± 1,02 mg/dL. A principal complicação do tratamento foi infecção/sepse (67,5%). Oito pacientes (9,4%) faleceram no período de 60 meses, sendo cinco (62,5%) óbitos atribuídos a infecção. Conclusão: a GESF após transplante renal é uma doença de alta recorrência, comumente precoce, porém as alterações histológicas na microscopia óptica não são simultâneas ao aparecimento da proteinúria. O índice de infecção durante o seguimento foi elevado e relacionou-se com a mortalidade. Foi elevada a taxa de perda do enxerto atribuída à GESF pós-transplante ao longo de todo o seguimento e correspondeu à metade dos indivíduos acometidos. A terapia com plasmaférese constituiu-se em medida eficaz para tratamento da GESF pós-transplante e foi capaz de contribuir para resposta parcial ou total em mais de 70% dos pacientes.