Confiabilidade e desempenho diagnóstico da elastografia hepática transitória na hepatite c crônica durante fase de treinamento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Sister, Flávia Appel [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/70956
Resumo: Introdução: Estima-se que a infecção crônica pelo vírus da hepatite C (HCV) afete 58 milhões de pessoas em todo o mundo e cerca de 700.000 indivíduos no Brasil Vários marcadores não invasivos de fibrose hepática têm sido propostos, como a elastografia hepática transitória (EHT) por FibroScan®. Entretanto, a confiabilidade da EHT executada por operadores em fase de treinamento é indeterminada, o que dificulta sua aplicabilidade na prática clínica. Objetivos: O presente estudo teve como objetivo principal avaliar o impacto do treinamento de um operador inexperiente para a realização de exames de EHT por FibroScan® em portadores de hepatite C crônica. Especificamente, foram avaliados a frequência de resultados não confiáveis ao longo do treinamento e a concordância da EHT com o índice APRI para estimar a presença de fibrose hepática significativa ao longo do treinamento. Métodos: Trata-se de estudo transversal, com coleta retrospectiva de dados que inclui portadores de hepatite C crônica compensada que tenham sido submetidos a exames de EHT por FibroScan® entre março de 2014 e dezembro de 2016, realizados por dois pesquisadores. Os pacientes incluídos foram divididos em dois grupos, conforme a experiência do operador no exame de EHT: grupo EE (Examinador Experiente) e grupo ET (Examinador em Treinamento), estes últimos divididos em duas fases: fase 1, constituída pelos primeiros 100 exames e fase 2, com os exames subsequentes. Para a análise de confiabilidade da EHT, foram utilizados os parâmetros taxa de sucesso (TS), relação entre intervalo interquartil (IQR) e mediana (Md) das aquisições (IQR/Md) e os critérios de confiabilidade de Castéra et al. (2005) e de Boursier et al. (2013). A análise de desempenho diagnóstico da EHT foi feita de maneira indireta, analisando-se a concordância entre as estimativas do grau de fibrose hepática significativa (FS) pela EHT e pelo APRI. Resultados: Entre março de 2014 e dezembro de 2016, 771 adultos portadores de HCV foram avaliados e divididos nos grupos EE (n = 161), ET fase 1 (n = 100) e ET fase 2 (n = 158), que se mostraram semelhantes em relação às suas características demográficas, clínicas e laboratoriais. A TS e a relação IQR/Md foram semelhantes entre os grupos EE, ET fase 1 e ET fase 2. A proporção de resultados confiáveis foi comparável nos três grupos, utilizando-se os critérios de confiabilidade de Castéra et al. (92,5%, 92,0% e 97,5%, respectivamente) e de Boursier et al. (96,9%, 95,0% e 98,1%, respectivamente). As prevalências de fibrose hepática significativa (FS) conforme estimativa da EHT nos grupos EE, ET fase 1 e ET fase 2 foram semelhantes (60,9%, 62,1% e 63,9%, respectivamente; p = 0,863). Houve proporção expressiva de pacientes com rigidez hepática superior a 7,1 kPa e com APRI inferior a 0,5 (entre 56 e 72%). As prevalências de resultados discordantes foram de 32,3%, 29,0% e 45,7% nos grupos EE, ET fase 1 e ET fase 2, com concordância significativa, mas apenas razoável entre os métodos, nos três grupos (κ = 0,378, 0,429 e 0,207). Conclusões: A confiabilidade dos exames de EHT por FibroScan® executados pelo ET foi comparável àquela observada nos exames realizados pelo EE e semelhante durante as duas fases de treinamento do ET. Houve concordância significativa, embora razoável, entre a EHT e o índice APRI para estimar a presença ou ausência de FS, sem impacto expressivo da experiência do examinador ou do tempo de treinamento na concordância entre os métodos. EHT parece ser um método bastante confiável e acurado, mesmo quando executado por operador com pouco tempo de treinamento. Um curto treinamento (de até 100 exames) parece ser suficiente para que a EHT tenha boa aplicabilidade clínica nas mãos de um operador com experiência inicial no método.