Referenciação e Argumentação: uma análise dos esquetes do Porta dos Fundos sobre o racismo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Nascimento, Anderson Jorge Pinheiro do
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=10815240
https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/62033
Resumo: Esta pesquisa se insere em uma perspectiva que entende a argumentação como constitutiva de todos os dizeres. Quanto aos objetivos, este trabalho busca investigar o modo como a referenciação contribui para construir a dimensão argumentativa em esquetes do Porta dos Fundos que tratam do racismo com relação aos negros. Em específico, identificar a forma com que se dá a constituição e transformação de referentes no esquete humorístico, e analisar como esses processos contribuem para a dimensão argumentativa. Partindo desses objetivos, duas questões norteiam este trabalho: 1. Como ocorre a referenciação no gênero esquete do Porta dos Fundos? 2. Como os processos referenciais evidenciam a argumentação em torno do racismo em esquetes do Porta dos Fundos? Para fazê-lo, foi composto o corpus com os seis vídeos do Porta dos Fundos publicados em seu canal do YouTube entre 2012 e o primeiro semestre de 2020 que têm como tema principal o racismo. O trabalho abarca três conceitos teóricos fundamentais: I – a referenciação, concebida como um processo de construção e reconstrução de referentes (objetos de discurso) que se dá na interação entre sujeitos socioculturais e historicamente constituídos, conforme Mondada e Dubois (2003); II – a argumentação, entendida como constitutiva dos dizeres, afinal, mesmo quando não há a intenção deliberada de influenciar o outro, o discurso apresenta determinado modo de ver o mundo, que tem o texto como sua materialidade, segundo Amossy (2018) e Cavalcante (2019); III – o esquete, gênero construído por imagem em movimento, que satiriza comportamentos e costumes, comumente fazendo críticas sociais, conforme apontam Travaglia (2017) e Carmelino (2018). Os resultados indicam que (1) aspectos da referenciação, como as anáforas e as (re)categorizações, ajudam a construir determinados pontos de vista. (2) Os referentes são textualizados pelas linguagens verbal e imagética, de modo que aspectos multimodais são imprescindíveis para a construção de sentido e da dimensão argumentativa em esquetes. (3) Processos referenciais como os examinados nos esquetes do Porta dos Fundos que tratam do racismo contra os negros são importantes sinalizadores na construção de denúncias contra comportamentos naturalizados socialmente.