Oswaldo Porchat: rústico ou urbano?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Abreu, André Vasques de [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/70623
Resumo: A interpretação e apropriação do pirronismo antigo por parte de Oswaldo Porchat é aqui examinada à luz do debate entre as interpretações urbana e rústica do ceticismo. Em 1982, Jonathan Barnes caracterizou as duas posições presentes nesse debate e estabeleceu os termos que até então são usados para se referir a ele. Enquanto a interpretação de Michael Frede (1979) se tornou a principal representante da primeira posição, chamada de interpretação urbana, a interpretação Myles Burnyeat (1980) se tornou a referência da segunda posição, chamada de interpretação rústica. Segundo a interpretação urbana, a suspensão do juízo não atinge as crenças do homem comum, mas somente as crenças filosóficas. Isso significa que o cético poderia ter crenças não filosóficas. Segundo a interpretação rústica, a suspensão do juízo atinge toda e qualquer crença humana, seja ela filosófica ou não filosófica. O cético, portanto, não teria nenhuma crença. Contudo, em 2000, Gail Fine sugeriu que não haveria diferença entre essas duas posições. No fundo, Frede e Burnyeat compartilhariam da ideia de que o cético não tem nenhuma crença. Porchat não manifestou explicitamente sua posição acerca dessa controvérsia. Por isso, não sabemos exatamente qual a sua interpretação da abrangência da suspensão do juízo no pirronismo antigo, nem mesmo qual concepção da abrangência da suspensão do juízo está presente no seu neopirronismo. Esta dissertação, portanto, tem dois objetivos: 1) compreender se Porchat tinha uma interpretação rústica ou urbana do pirronismo antigo; 2) compreender se Porchat tinha uma concepção rústica ou urbana de neopirronismo. Além disso, é preciso levar em conta a hipótese de que Porchat tenha evoluído de uma posição a outra, e a hipótese de que o neopirronismo de Porchat tenha superado a dicotomia entre ceticismo urbano e ceticismo rústico, formulando uma versão original de ceticismo. Para atingir esses objetivos, analisamos, sobretudo, os artigos que Porchat publicou entre 1969 e 1995.