Consequências emocionais do estresse em ratos: um modelo experimental de transtorno de estresse pós-traumático

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Girardi, Carlos Eduardo Neves [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/22670
Resumo: Situações adversas que desafiam a integridade física ou psicológica de um indivíduo são frequentes ao longo da vida. Porém, há situações que ultrapassam as capacidades adaptativas e são consideradas traumáticas, podendo resultar em sequelas emocionais persistentes e prejuízos significativos nas funções sociais, caracterizando o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). É crucial entender os aspectos psicológicos e biológicos básicos e os fatores de vulnerabilidade e resiliência do TEPT, uma vez que apenas uma parcela das vítimas de eventos traumáticos manifesta este transtorno. Para isso, tem-se empregado modelos animais que mimetizam os aspectos fundamentais do transtorno. O objetivo geral deste trabalho foi investigar a influência de condições pré e peri-traumáticas na magnitude das principais reações emocionais a longoprazo em um modelo de estresse traumático em ratos. Inicialmente foi estabelecido o protocolo experimental para o estresse traumático. Foram comparados dois paradigmas de condicionamento de medo: o condicionamento de medo contextual (CMC), em que apenas um choque intenso, inescapável foi aplicado e a configuração espacial (contexto do evento traumático) foi o elemento condicionado ao choque; e o condicionamento de medo ao som (CMS), em que uma pista de uma única modalidade sensorial (som) foi condicionada ao choque, em apresentações repetidas, aplicando-se um choque de menor intensidade. Na etapa de padronização metodológica também foram ajustados parâmetros importantes para os estudos subsequentes, como a intensidade do choque a ser empregada, o tempo de exposição ao choque e a ordem de realização dos testes comportamentais. Selecionou-se o CMC para aplicação nas etapas subsequentes, uma vez que, além de representar um evento único e intenso, este protocolo também revelou um robusto efeito de sensibilização comportamental frente à apresentação de um estímulo sonoro desconhecido e potencialmente aversivo. No CMS, o som é o estímulo condicionado no momento do trauma. Utilizar o paradigma do CMS no modelo de estresse traumático inviabilizaria a utilização do som como estímulo incondicionado para avaliação da sensibilização do medo. Além disso, a possibilidade de utilização de choque único no CMC favoreceu o emprego do paradigma do choque imediato, uma abordagem que se mostrou crucial para o estudo sobre elementos peritraumáticos. Foi visto que, animais submetidos ao choque imediato, ou seja, que não tiveram a possibilidade de explorar o ambiente do trauma antes do choque, não manifestaram as sequelas emocionais como os animais que exploraram o ambiente. A hipótese aqui defendida para explicar esse fenômeno é de que tenha havido uma importante influência da percepção da inescapabilidade da situação traumática sobre a magnitude das sequelas emocionais a longo-prazo observadas neste modelo. Por fim, foi realizado um estudo para investigar se essas sequelas emocionais de longo-prazo decorrentes do estresse traumático eram também influenciadas por fatores pré-existentes. Especulou-se se a interrupção da relação mãe-filhote por 24 horas em períodos cruciais para o desenvolvimento do eixo HPA, que sabidamente provoca alterações duradouras na vida adulta, tanto em aspectos neuroendócrinos como comportamentais da resposta ao estresse, poderia alterar a magnitude das reações observadas no modelo de estresse traumático aqui empregado. Entretanto, essa hipótese não foi confirmada, pois a privação materna não conferiu qualquer modificação nas consequências emocionais causadas pelo choque traumático.