Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Santiago, Marcella da Silva Araujo [UNIFESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/11600/62563
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Resumo: |
O trato gastrointestinal é hospedeiro de cerca de 10¹³ bactérias, vírus, fungos e protozoários. Vivendo em comunidade, estes formam a microbiota intestinal, que desempenha papéis imprescindíveis ao hospedeiro, desde proteção contra patógenos até modulação do sistema imunológico e metabolismo de xenobióticos. A via de parto é o principal fator modulador da microbiota intestinal do neonato, havendo diferenças quantitativas e qualitativas entre recém- nascidos via parto vaginal (PV) ou parto por cesárea (PC). O PC tem sido relacionado a impactos na microbiota intestinal e aumento do risco a diversas doenças ao longo da vida. No entanto, poucos são os dados relacionando o perfil da microbiota intestinal com a morfofisiologia e microbiota de outros tecidos periféricos, como por exemplo, fígado e testículo. Hipotetizamos (i) que a via de parto modula a composição da microbiota intestinal de forma persistente, alterando sua composição ao nascimento e ao longo da vida pós-natal dos indivíduos com (ii) impacto na microbiota e morfofisiologia de tecidos periféricos, como fígado e testículo. Portanto, o objetivo do presente estudo foi estabelecer um modelo pré- clínico em ratos Wistar para correlacionar a via de parto (PV ou PC) com o perfil da microbiota intestinal ao nascimento (24 horas após o parto; DPN 1) e ao final do período de lactação (21 dias após o parto; DPN 21) além de avaliar a microbiota do fígado e testículo. Ainda, foram avaliados aspectos histológicos do fígado, testículo e epidídimo destes animais. Para isso, ratos Wistar machos foram divididos em dois grupos experimentais: a) grupo PV, nascidos por parto vaginal; b) grupo PC, nascidos via parto cesariana. Foram realizadas: a) Análises de metagenômica da região v4 do RNA ribossomal (rRNA) 16S de bactérias em amostras biológicas dos filhotes machos no DPN 1 (cólon) e DPN 21 (cólon, fezes, fígado e testículo) para avaliação do perfil da microbiota desses tecidos; b) Análises histopatológicas em amostras biológicas dos filhotes machos no DPN 21 e DPN 53 (fígado, testículo e epidídimo). No DPN 1, houve diferença qualitativa (diversidade bacteriana) e quantitativa (abundância relativa) de bactérias da microbiota intestinal nos animais PC quando comparados aos animais PV. No DPN 21, as microbiotas intestinais de ambos os grupos experimentais apresentaram um perfil sutilmente mais diverso do que o observado no DPN 1 entre os grupos PV e PC, porém com diferenças mais significativas quanto à abundância relativa dos táxons identificados. A via de parto influenciou a diversidade e abundância relativa da microbiota hepática, mas não de forma significante a microbiota testicular. Os animais no DPN 21 nascidos via PC apresentaram maior incidência de patologias no testículo (maior número absoluto de células acidófilas e vacúolos epiteliais em 100 cortes de túbulo seminífero; redução do volume do compartimento luminal), em relação aos animais PV. No DPN 53, entretanto, as histopatologias do testículo dos animais PV e PC foram similares, assim como no fígado dos animais nos DPN 21 e 53. Os epidídimos dos animais no DPN 21 e 53 PV e PC apresentaram infiltrados inflamatórios no compartimento intersticial, e epitélio com aspecto cribriforme. No DPN 53, os animais nascidos via PC ainda apresentaram diminuição do número relativo de espermatozoides presentes no lúmen epididimário. Tais dados sugerem um atraso no desenvolvimento e maturação do sistema reprodutor nos animais nascidos via PC. Portanto, o presente estudo indica que o rato é um modelo experimental adequado para o estudo de microbiota intestinal e teciduais em animais nascidos por diferentes vias de parto, corroborando com dados clínicos da literatura. Destaca-se que a padronização e validação dessa estratégia experimental permitirá o desenvolvimento de estudos adicionais subsequentes, que permitam melhor entender os mecanismos pelos quais a via de parto impacta o perfil da microbiota ao nascimento e ao longo da vida pós-natal do animal, permitindo assim avançar nessa temática de forma translacional para a geração de recomendações para a prática clínica. |