Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Ramos, Mauricio de Oliviera [UNIFESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/11600/71877
|
Resumo: |
A trajetória literária de Carolina Maria de Jesus (1914 /1977) tem início em 1960, com a publicação de Quarto de despejo: diário de uma favelada. Sua escrita está associada ao jornalista Audálio Dantas que, ao fazer uma reportagem na favela do Canindé, conhece Carolina e tem acesso a seu diário, em que relatava as agruras da favela. Dantas cuidou da publicação, que chegou a mais de um milhão de exemplares vendidos. Essa pesquisa busca estudar as construções editoriais operadas nos diários originais da autora, levando em consideração as intervenções operadas. Nosso objetivo é entender como os projetos editoriais contribuem para a constituição de uma figura pública da escritora, no contexto em que essa imagem se formou. Como objetivos específicos apresentam-se: a) retomar a recepção crítica, literária e teórica de que foi objeto a produção de Carolina, observando as construções elaboradas a propósito de seus escritos; b) analisar as interferências de Dantas em seus escritos, propostas como meio de inserção da escritora no cenário editorial da época; c) examinar a trajetória editorial desta primeira obra; d) discutir aspectos teóricos e históricos do trabalho de revisão. Incluem-se reflexões críticas sobre questões políticas, sociais e ideológicas, a fim de demonstrar como determinados espaços sociais são negados a certos grupos, cabendo-lhes sua ‘adequação’ ou ‘conformação’, em relação aos ditames que os estruturam. A pesquisa terá natureza bibliográfica, com análise de textos literários e aportes teóricos de algumas áreas de investigação (estudos literários, estudos femininos e estudos culturais). Como fundamentação, recorremos ao pensamento do sociólogo Pierre Bourdieu e aos conceitos habitus e campo. Contribuem as reflexões de João Camillo Penna, entre outros, sobre escritos testemunhais. São fontes relevantes, ainda: Afrânio Mendes Catani (2004), Regina Dalcastagnè (2012), José Carlos Sebe Bom Meihy (2005), Germana de Sousa (2004), Marisa Lajolo (1996), Jaime Guinzburg (2008), Maria Alice Nogueira e Cláudio Marques Martins Nogueira, (2004), Walter Benjamin (2008), Aristides Coelho Neto (2008), Fernanda R. Miranda (2019), Chimamanda Ngozi Adichie (2009), Stuart Hall (2016) e Gayatri Spivak (2010). Destacamos problematizações suscitadas por Conceição Evaristo (2021) junto ao Conselho Editorial Caroliniano; além das teorizações de Lélia Gonzalez (2020), em especial quanto ao termo “pretuguês”. Este trabalho está dividido em três capítulos principais, além de uma introdução e considerações finais. No primeiro capítulo, analisamos a construção editorial e a recepção crítica da figura pública de Carolina, explorando como suas experiências pessoais influenciam sua escrita e desafiam convenções literárias, no contexto sociopolítico e cultural de sua obra. No segundo, investigamos em que medida a edição conduzida por Dantas influenciou a recepção do livro; recorremos, nesse capítulo, a teorias de Pierre Bourdieu para discutir o impacto das estruturas de poder na literatura e suas implicações sociais. O terceiro capítulo aborda a revisão dos textos de Carolina, discutindo o equilíbrio entre preservar sua voz original e adaptar o texto, analisando as implicações dessas intervenções editoriais. |