O corpo-fetiche: representações da escritora Carolina Maria de Jesus no discurso jornalístico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Santos, Tatiane Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48138/tde-28062022-105050/
Resumo: Esta tese estuda a construção do discurso sobre a escritora Carolina Maria de Jesus (1914-1977) veiculado em textos jornalísticos. A análise partiu da percepção do corpo especificamente do corpo da mulher negra na sociedade brasileira e buscou entender como os efeitos da racialização estão presentes na escrita dos textos, de modo a encontrar, nos enunciados produzidos, um lugar para a autora fora do círculo literário. O corpus central desta investigação são oito publicações do periódico Folha de S. Paulo entre as décadas de 1940 e 1980. As considerações sobre o material selecionado buscam compreender como as estruturas ideológicas do período auxiliaram na constituição de uma relação de fetiche, na qual o escritor é, necessariamente, nos diversos tipos de representação, uma pessoa que ocupa ou que é destinada a ocupar posições de privilégio na sociedade. Uma das estratégias utilizadas para o cerceamento dos corpos foi a repetição de enunciados e de imagens negativas que, em seu conjunto, depreciavam a figura da escritora: seleção de fotos, legendas, títulos das matérias, conteúdo dos textos. Como referencial teórico, partiu-se dos estudos de Lélia Gonzalez (2020) sobre a falsa democracia racial do país e suas consequências para a população negra e dos estudos de Mbembe (2018) sobre o corpo-fetiche, responsável por inúmeros tipos de violências e de perdas ao longo da história. Para o entendimento da relação entre a mídia e o corpo negro foram fundamentais os estudos realizados por Gomes e Pereira (2001) acerca das diferentes manifestações dos veículos de comunicação impressa e sua conexão com as representações discriminatórias que circulam na sociedade. Constatou-se, por fim, que os discursos sobre a obra de Carolina Maria de Jesus no jornal estudado criaram um campo de instabilidade para a produção literária da autora e, consequentemente, a exclusão étnica de outros escritores, resultando na manutenção das desigualdades.