A constituição do intérprete de língua de sinais no ensino superior na perspectiva dos surdos: o cuidado de si e do outro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: NANTES, Janete de Melo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: UFGD
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/190447
Resumo: As pesquisas sobre a inclusão do surdo e a atuação do intérprete de língua de sinais no ensino superior são recentes e têm suscitado debates, polêmicas e tensões a respeito de um novo campo teórico denominado Estudos Surdos. O objetivo geral desta pesquisa é analisar a constituição do intérprete de língua de sinais no ensino superior na perspectiva dos surdos; e os objetivos específicos são: investigar como a cultura surda concebe, apreende, afirma ou nega a constituição do surdo e do intérprete de língua de sinais; identificar as significações na formação do intérprete de língua de sinais na mediação da comunicação; investigar as relações de poder e os mecanismos de exclusão/inclusão que permeiam as práticas discursivas no contexto universitário. Busca no pensamento foucaultiano os pressupostos teóricometodológicos e os procedimentos da arqueogenealogia para a compreensão das relações de saber/poder, estratégias de governamento e do cuidado de si e do outro, presentes na constituição do sujeito surdo e do intérprete de língua de sinais no ensino superior. Participaram da pesquisa seis surdos que cursam ou cursaram diferentes áreas do ensino superior nos Estados de Mato Grosso do Sul e Paraná. Para coleta de dados foram utilizadas entrevistas semiestruturadas filmadas em Língua Brasileira de Sinais com recursos de videografia e os dados transcritos para a língua portuguesa pela pesquisadora. Esta pesquisa observou duas grandes barreiras para inclusão do surdo no ensino superior: falta de metodologia adequada para o ensino da língua oficial como segunda língua do surdo e precária formação do intérprete de língua de sinais para atuar no ensino superior. Os resultados indicaram a inadequação das práticas pedagógicas no ensino superior com formas ineficientes de comunicação e interação entre professor, acadêmico e intérprete, que limitam o acesso ao conhecimento por uma tradução/interpretação que não disponibiliza terminologia específica para esse nível de ensino. O presente trabalho constatou que a constituição do profissional intérprete no ensino superior está em vias de se estabelecer em virtude da ausência de formação adequada dele, de elaboração do código de ética profissional e por preocupação mais voltada a questões políticas do que com o cuidado para consigo e para com o outro. Espera que este estudo possa contribuir com reflexões sobre os discursos e saberes da educação dos surdos abrindo um campo para a visão crítica da proposta da educação inclusiva, cuja história tem sido tecida e contada na perspectiva dos ouvintes, sem considerar o olhar do surdo sobre sua própria educação.