Intoxicação experimental por monofluoroacetato de sódio em bovinos: aspectos clínicos e patológicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Nogueira, Vivian de Assunção lattes
Orientador(a): Peixoto, Paulo Fernando de Vargas lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias
Departamento: Instituto de Veterinária
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9675
Resumo: Monofluoracetato de sódio (MF) foi identificado, por cromatografia, em Palicourea marcgravii, Arrabidaea bilabiata e possivelmente em Mascagnia rigida, plantas do grupo das que causam morte súbita em bovinos no Brasil. Em 1959, Döbereiner & Tokarnia detectaram no rim de bovinos intoxicados por P. marcgravii, uma lesão por eles considerada típica para intoxicação, a degeneração hidrópico-vacuolar dos túbulos uriníferos contorcidos distais (DHV). O modo de ação do MF baseia-se na inibição da enzima citrato aconitase, do que redunda bloqueio do ciclo de Krebs e da produção de ATP. O objetivo deste trabalho foi verificar se a ingestão de MF induz as mesmas lesões observadas no rim de bovinos intoxicados pelas plantas que causam morte súbita , o que indicaria que essa substância é responsável pelas mortes dos animais que ingeriram essas plantas. Foram realizados experimentos em que seis vacas receberam, por via oral, 0,5 e 1,0 mg/kg de MF diluídos em 50 mL de água destilada. Clinicamente os animais apresentaram taquicardia, jugular repleta com pulso venoso positivo, respiração abdominal, ligeira perda de equilíbrio, por vezes cambaleavam, deitavam e apoiavam a cabeça no flanco. Na fase dramática, todos os animais caíam em decúbito lateral, esticavam os membros, faziam movimentos de pedalagem, apresentavam opistótono, nistagmo, mugidos e morriam. O período da fase dramática durou entre 2 e 14 minutos. À necropsia verificaram-se aurículas, jugulares, ázigos e pulmonares moderadamente ingurgitadas. Observaram-se ainda leve a moderado edema da subserosa nos locais de fixação da vesícula biliar no fígado, além de leve edema em torno do intestino delgado (duodeno) em contato com pâncreas. O exame histopatológico revelou, em todos os animais, leve a acentuada DHV das células epiteliais dos túbulos uriníferos contorcidos distais associada à cariopicnose nuclear. Vacuolização e necrose de coagulação individual ou de grupos de hepatócitos e leve congestão hepática secundários à estase venosa também foram observados. DHV tem sido observada em casos de envenenamento por outras substâncias, porém esta não está restrita aos túbulos distais e não se observa cariopicnose nuclear. Dessa forma, esse estudo demonstra que a DHV que ocorre no rim de bovinos é característica do envenenamento por MF e, por analogia, essa substância pode ser considerada como um dos fatores importantes, senão o mais significativo, implicado no óbito dos animais que ingerem plantas que causam morte súbita no Brasil. Comprova-se, pela primeira vez, que o MF induz é a causa da DHV dos túbulos uriniferos contorcidos distais, o que indica que estudos que envolvam metabolização de MF por bactérias ruminais teriam grande aplicabilidade econômica, uma vez que pelo menos 600.000 bovinos morrem anualmente intoxicados por plantas do grupo das que causam morte súbita no Brasil.