Aspectos clínico-patológicos e laboratoriais da intoxicação experimental por monofluoroacetato de sódio em ovinos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Peixoto, Tiago da Cunha lattes
Orientador(a): Brito, Marilene de Farias lattes
Banca de defesa: Pitombo, Cicero de Araújo, Tokarnia, Carlos Hubinger
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária (Patologia e Ciências Clínicas)
Departamento: Instituto de Veterinária
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/14263
Resumo: O monofluoracetato de sódio (MF) tem sido isolado de diversas plantas na África do Sul e na Austrália, bem como de três (Palicourea marcgravii, Arrabidaea bilabiata e, possivelmente, de Mascagnia rigida) das 12 plantas brasileiras que causam “morte súbita” (BSDCP) em bovinos. O MF bloqueia o ciclo de Krebs e a produção de ATP. A morte sobrevém pelo efeito mais intenso sobre o coração, SNC, ou ambos, dependendo da espécie animal intoxicada. Em 1959, Döbereiner e Tokarnia detectaram no rim de bovinos intoxicados por P. marcgravii, uma lesão por eles considerada típica para essa intoxicação, a degeneração hidrópico-vacuolar (DHV) dos túbulos uriníferos contornados distais associada à picnose nuclear. Mais tarde verificou-se que esse tipo de alteração também aparecia no rim de bovinos intoxicados com todas as outras BSDCP. O objetivo deste trabalho foi verificar se a ingestão de doses únicas e de frações diárias da dose letal de MF a seis ovinos induz a clássica DHV observada no rim de bovinos intoxicados por BSDCP, o que indicaria que esse composto é responsável pelas mortes dos animais que ingeriram essas plantas. O MF foi administrado, por via oral, em doses únicas de 0,5 e 1,0 mg/kg, cada dose para dois ovinos, e em doses subletais repetidas diariamente de 0,1 mg/kg/dia, por quatro dias, e 0,2 mg/kg/dia, por seis dias, cada dose para um ovino. Todos os ovinos que receberam o MF morreram, exceto um que recebeu 0,5 mg/kg e, não mostrou sintomas. A evolução da intoxicação variou de 3min a 33h:5min. Clinicamente os animais apresentaram taquicardia, respiração abdominal, tremores musculares, ligeira perda de equilíbrio, por vezes cambaleavam, deitavam e apoiavam a cabeça no flanco. Na fase final, os ovinos caíam em decúbito lateral, esticavam os membros, faziam movimentos de pedalagem, apresentavam opistótono e morriam. O exame ecocardiográfico evidenciou dilatação cardíaca e redução da fração de encurtamento sistólico. A análise dos níveis séricos de uréia e creatinina revelou moderada a acentuada azotemia. O MF provocou “morte súbita” em todos os ovinos que mostraram sintomas. À necropsia verificaram-se aurículas e veias jugulares, cavas, ázigos e pulmonares moderadamente ingurgitadas e, em alguns animais, edema pulmonar. O exame histopatológico revelou, em todos os animais, leve a acentuada DHV das células epiteliais dos túbulos contornados distais, associada à picnose nuclear. Adicionalmente, verificou-se discreta vacuolização e, por vezes, necrose de coagulação de hepatócitos. Não encontramos referências a esse tipo peculiar de lesão, à exceção das descrições sobre lesões renais associadas à ingestão de BSDCP e de recentes estudos em bovinos intoxicados com MF. De fato, DHV tem sido observada em animais que desenvolvem nefrose tubular tóxica aguda, porém, nestes casos, a alteração não está restrita aos túbulos distais e não cursa com picnose nuclear. Dessa forma, esse trabalho demonstra, em ovinos, que tanto doses letais únicas quanto subdoses diárias de MF induzem a DHV dos túbulos uriníferos contornados distais associada à picnose nuclear, o que confirma que essa substância é o princípio tóxico determinante da morte dos animais intoxicados por plantas brasileiras que causam “morte súbita”.