O antagonismo com acetamida em experimentos com ovinos, caprinos e coelhos indica monofluoroacetato como princípio tóxico de Pseudocalymma elegans

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Helayel, Michel José Sales Abdalla lattes
Orientador(a): Tokarnia, Carlos Maria Antônio Hubinger lattes
Banca de defesa: Graça, Flávio Augusto Soares, França, Ticiana do Nascimento, Dobereiner, Jurgen, Brito, Marilene de Farias
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias
Departamento: Instituto de Veterinária
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9608
Resumo: O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito protetor da acetamida nas intoxicações experimentais por Pseudocalymma elegans (Bignoniaceae) em ovinos, caprinos e coelhos, com a finalidade de comprovar indiretamente que o monofluoroacetato é responsável pela sintomatologia e morte dos animais que ingerem essa planta. Foram realizados experimentos para determinar a dose letal da planta coletada em Rio Bonito, RJ, em diferentes épocas do ano para ovinos e caprinos e ajustar a dose de acetamida a ser administrada. No primeiro experimento, dois ovinos e dois caprinos receberam 1,0 g/kg de P. elegans fresca e um animal de cada espécie foi tratado previamente com 2,0 g/kg de acetamida. Nenhum animal apresentou alterações clínicas ou morreu. Ao que tudo indica a planta poderia estar menos tóxica, já que foi coletada no fim da estação das águas. No segundo experimento, dois ovinos e dois caprinos receberam 0,67 e 1,0 g/kg da planta dessecada, após tratamento prévio, com 2,0 e 3,0 g/kg de acetamida, respectivamente. Todos os animais morreram, pois administramos doses muito altas de P. elegans. No terceiro experimento, dois ovinos e dois caprinos receberam, 0,333 g/kg de P. elegans dessecada, após administração prévia de 2,0 g/kg de acetamida. Uma semana depois, o protocolo acima foi repetido, porém sem o antídoto. Nos experimentos com coelhos, foram administradas doses de 0,5 e 1,0 g/kg de P. elegans dessecada após a administração de 3,0 g/kg de acetamida. Sete dias depois, o mesmo protocolo foi repetido, com exceção da administração de acetamida. Esta, quando administrada previamente, evitou o aparecimento dos sinais clínicos e a morte dos ovinos, caprinos e coelhos, já os animais não tratados com acetamida apresentaram sintomatologia e morreram. Clinicamente, os ovinos e caprinos manifestaram taquicardia, jugulares ingurgitadas, pulso venoso positivo, decúbito esternal e tremores musculares. Na “fase dramática”, os animais caíam em decúbito lateral, esticavam os membros, faziam movimentos de pedalagem e morriam em poucos minutos. Nos coelhos observaram-se apatia, tremores musculares, decúbito lateral e vocalização minutos antes da morte. A avaliação macroscópica revelou, nos ovinos e caprinos, jugulares ingurgitadas, aurículas, veia cava caudal e cranial dilatadas, além de edema pulmonar, congestão hepática e edema na subserosa da vesícula biliar. Nos coelhos as principais alterações observadas foram aurículas dilatadas, veia cava caudal e cranial ingurgitadas, fígado e vasos do diafragma congestos. O exame histopatológico revelou, em dois ovinos e um caprino, degeneração hidrópico-vacuolar dos túbulos uriníferos contornados distais associada à cariopicnose. Nos coelhos havia congestão hepática acentuada com numerosos corpúsculos de choque. Nossos resultados comprovam, de forma indireta, que o MF é responsável pela morte dos animais que ingerem essa planta, uma vez que compostos “doadores de acetato” como a acetamida, são capazes de reduzir a inibição competitiva do MF pelo mesmo sítio ativo (Coenzima A), o que impede a formação do fluorocitrato, seu metabólito ativo, formado no organismo por meio da denominada “síntese letal”.