“Sinistros vermelhos”: atuação das organizações de luta armada em Pernambuco durante a ditadura (1968 1974)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Ferreira, Maicon Mauricio Vasconcelos lattes
Orientador(a): Sales, Jean Rodrigues lattes
Banca de defesa: Sales, Jean Rodrigues lattes, Dias, Reginaldo Benedito lattes, Cardoso, Lucileide Costa lattes, Silva, Izabel Priscila Pimentel da lattes, Nunes, Paulo Giovani Antonino lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em História
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/10094
Resumo: Esta obra investiga as organizações clandestinas de violência insurgente, seus membros e sua atuação no estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil, durante a última ditadura. Esses grupos atuaram, no campo e na cidade, nos anos de 1968 a 1973, com o objetivo de deflagrar a revolução brasileira e de combater o regime ditatorial instalado desde abril de 1964. As organizações referidas foram: Ação Libertadora Nacional (ALN), Frente de Libertação do Nordeste (FLNE), Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), Partido Comunista Revolucionário (PCR) e Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). No trato dessa temática basilar, abordaram-se outras, correlatas, integrantes de processos que margeiam ou mesmo compõem o cenário básico para a compreensão do fenômeno. A adoção da luta armada, em sua proposta de guerra de guerrilhas, como via revolucionária, é caracterizada como uma tendência terceiro-mundista e, também, sul-americana, do período e, como todo projeto social, indeterminado em seu desfecho. Toma-se como categoria central a dimensão utópico-concreta (conforme o conceito do filósofo alemão Ernst Bloch, que a diferencia da utopia abstrata) do projeto de luta armada no Brasil, levado a efeito nas décadas de 1960 e 1970. Para entendimento do sentido histórico-social dos movimentos (revolucionários) armados em Pernambuco, realiza-se uma rápida exposição comparativa entre o levante armado de novembro de 1935 — liderado pelo Partido Comunista Brasileiro, primeiro momento em que a violência insurgente foi posta como caminho para a revolução brasileira — e o projeto armado que viria somente após o golpe de 1964. Foi tecido um panorama, de longa duração, do exercício sistemático da violência na História do Brasil e, especialmente, do Nordeste, empreendido pelo Estado, em parceria com as elites e em dependência delas, fazendo o diálogo dessa trama com a categoria de uso da violência como ação política coletiva, demonstrando a excepcionalidade histórica do uso da violência revolucionária, se comparada à estatal. O processo de revisão do caminho armado promovido pelos insurgentes, nas prisões (Casa de Detenção do Recife, Colônia Penal Bom Pastor e Penitenciária Professor Barreto Campelo), é um dos elementos analisados, dentro do fechamento do projeto de luta armada. Quanto a esse processo de revisão, pudemos concluir que a tortura sistemática teve papel-chave na reconsideração da via armada, não apenas como incidência individual, mas coletivamente, como fator de ruptura com o ideal de conduta militante do agente revolucionário alinhado à luta guerrilheira.