A reconstituição da história do povo puri no noroeste fluminense e os usos da memória ancestral - breve análise sobre santo antônio de pádua e miracema (séculos XVIII - XXI)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Soares, Juliana Frontelmo lattes
Orientador(a): Mattos, Izabel Missagia de lattes
Banca de defesa: Mattos, Izabel Missagia de lattes, Fernandez, Annelise lattes, Palitot, Estevão Martins lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/19959
Resumo: A presente pesquisa investiga as trajetórias e agências dos Puri no território fluminense entre os séculos XVIII e XX, com ênfase nos municípios de Santo Antônio de Pádua e Miracema, região Noroeste do estado, para analisar como o apagamento desse povo da historiografia oficial do Rio de Janeiro dado pelas conjunturas políticas/sociais coloniais, culminou em um silenciamento dos seus modos de viver e existir. Não se falando mais em indígenas, mas em uma sociedade “misturada”, estabeleceu-se então um cenário que os dissolvia tanto dos registros oficiais, como de dentro das sociedades o que contribuiu para perpetuar e atribuir a eles um estigma de extinção a partir do século XIX. Contudo, muitos povos resistiram tentando superar a invisibilidade a eles imposta pelo Estado e por partes significativas da sociedade para manter vivas suas culturas. Desde que a Constituição de 1988 se estabeleceu como um marco da redemocratização do país, em tese garantindo a eles direitos antes negados, muitos povos indígenas têm se organizado cultural e politicamente no presente. É o caso dos Puri no sudeste do Brasil, que vêm adotando estratégias identitárias e políticas para adquirir visibilidade e reconhecimento no contexto fluminense e nacional, a exemplo do movimento “Ressurgência Puri” que atua como um espaço auto gestado de referência, diálogo e organização com Puris de vários estados. Portanto, busco contrapor a lógica do suposto desaparecimento desse povo no Noroeste Fluminense debatendo a preponderância da historiografia oficial que excluiu as narrativas e o protagonismo desses indígenas, construindo uma sociedade desigual onde grupos pluriétnicos não foram envolvidos. Para isso, busquei incluir os Puri na lógica de formação dos municípios em destaque, visto que eles tiveram papel fundamental nas sociedades que se formaram nesses territórios, pois elaboraram processos criativos de adaptação, sobrevivência e resistência que deixaram um legado histórico que perpetua até hoje. Deste modo, analiso através de levantamento histórico-bibliográfico a configuração social e política que foi se formando na região desde o século XVIII e que afetaram as relações que já existiam, construindo um cenário de disputas de poder e apagamento étnico. Por fim, faço uso de fontes primárias e secundárias, tanto locais quanto regionais, bem como de relatos memorialistas de moradores da região e de descendentes Puri a fim de contribuir para o registro e estudo dessas populações que viveram e ainda vivem neste território, reconhecendo a memória como um instrumento crucial para a continuidade das histórias desses povos que estão em retomada.