Na teia do racismo: trauma coletivo e complexo cultural... marcas do Brasil negro!

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Mota, Bruno Correia da lattes
Orientador(a): Silva, Nilton Sousa da
Banca de defesa: Silva, Nilton Sousa da, Boechat, Walter Fonseca, Pereira, Amauri Mendes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Departamento: Instituto de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/14532
Resumo: Esta pesquisa de caráter descritivo percorreu, na tessitura psicológica das experiências traumáticas causadas pelo racismo, como a escravidão, o abandono social no pós-emancipação e o genocídio da juventude negra. Esses marcos históricos e sociais são uma espécie de espelho que reflete a alma brasileira e vice-versa. Neste sentido, se objetivou descrever o trauma coletivo oriundo do racismo, isto é, o trauma que aglutina na psique coletiva, tanto do indivíduo como do grupo, feridas originadas pelo racismo. Para descrever o trauma coletivo oriundo do racismo, foram analisados os seguintes materiais: (a) aspectos históricos, sociais e psicológicos da escravidão, colonização e os índices de desigualdade entre a população negra e branca; (b) a obra de Lima Barreto, Clara dos Anjos, para articular o período pós-abolição com o paradoxal e contraditório racismo na atual sociedade brasileira, que escamoteia a desigualdade racial, e (c) a história oral de duas famílias: uma negra e outra branca, que possibilitou resgatar a ancestralidade de ambas, na cidade do Rio de Janeiro-RJ e identificar a transmissão intergeracional do trauma coletivo. A Psicologia Complexa, desenvolvida pelo médico psiquiatra e psicólogo suíço Carl Gustav Jung (1875-1961) foi o fio condutor do objetivo desta pesquisa. Os estudos pós-junguianos, mais especificamente o conceito de complexo cultural, permitiram a investigação psicológica do trauma coletivo. Os complexos culturais podem ser gerados pelas vivências traumáticas de grupos humanos e acarretam a sensação de um contínuo histórico, mobilizado pela violência racial, gênero, religião e assim por diante. Os resultados desta dissertação indicam que as ininterruptas crueldades contra o povo negro são sedimentadas no inconsciente cultural do país e ressoam na vida grupal e individual de toda a população brasileira. Desse modo, o racismo estrutural do Estado brasileiro, a partir dos mecanismos de perpetuação do racismo e das atualizações deles, geram diferentes tonalidades e intensidades de traumas. Assim sendo, o trauma coletivo oriundo do racismo amálgama na psique coletiva esse depósito de brutalidade, que pode potencialmente, por um lado afetar a saúde mental da população negra, por outro contribuir que a população branca não reconheça as próprias práticas racistas e opressoras contra as pessoas não brancas, dado a naturalização da hegemonia simbólica e material da identidade branca.