O “comportamento inadequado”: uma análise sobre as internações psiquiátricas de presas políticas no Brasil na década de 1970

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Oliveira, Marina Soares
Orientador(a): Koifman, Fabio lattes
Banca de defesa: Koifman, Fabio lattes, Moraes, Luís Edmundo de Souza lattes, Carloni, Karla Guilherme lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em História
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/13927
Resumo: A presente dissertação tem como objetivo analisar as internações psiquiátricas de onze presas políticas durante a Ditadura Militar no Brasil, especificamente na década de 1970. Para realizar esta análise, foram utilizados como fontes primárias os laudos médicos psiquiátricos destas mulheres, acusadas de integrar diversas organizações perigosas à segurança nacional segundo os processos penais, emitidos por diversas instituições de saúde, tanto privadas como públicas, e também algumas fontes secundárias, como jornais da época e partes dos processos penais. Os laudos estão datados, carimbados e assinados por médicos civis e militares e foram metodologicamente analisados sob as óticas da Análise de Conteúdo e da Análise de Discurso. As onze presas políticas tiveram seus comportamentos patologizados de acordo com a moral em voga na época. Os percursos e diagnósticos apresentaram singularidades e também similaridades nos casos abordados em relação aos outros, mas mantiveram entre si a estigmatização a partir de uma ótica de “duplo desvio” contra o regime instaurado: pelo fato de serem, supostamente, militantes comunistas e por serem mulheres que romperam com o lugar social a elas destinado, o da esfera privada. Assim, a pesquisa mostra como o discurso médico-psiquiátrico teve efeitos de verdade porque representava uma consonância com as formas de hegemonia vigentes na Ditadura, ocupando esta área da medicina uma posição relevante enquanto discurso científico sobre a doença mental nas relações de poder-saber no período analisado, marcado pela crença em um “perigo vermelho”, que tomou os comportamentos destas mulheres como parte da ameaça à segurança nacional e a ordem política e social, vinculando ideologias políticas, loucura e estereótipos de gênero.