“O meu sonho ninguém mata”: violência doméstica e escolarização de mulheres na educação de jovens e adultos
Ano de defesa: | 2021 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | , , |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares
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Departamento: |
Instituto de Educação
Instituto Multidisciplinar de Nova Iguaçu |
País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Palavras-chave em Inglês: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/13164 |
Resumo: | A violência doméstica contra a mulher constitui-se enquanto fenômeno social, sustentado e reproduzido culturalmente através do sistema patriarcal, que gerencia as relações sociais com base no gênero e que atravessa as diferentes instituições sociais, dentre elas, a familiar (SAFIOTTI, 2004). Mesmo diante de alguns avanços legislativos, como a Lei 11.340/2006, mulheres vivem sob condições de subalternidade, opressão e são expostas a violências de caráter simbólico e material (BOURDIEU, 1998). Apesar de escassos, estudos que articulam gênero e Educação de Jovens e Adultos (EJA), apontam que a decisão de retomar os estudos por parte das mulheres pode gerar situações de tensão e conflito no ambiente doméstico, ocasionando episódios de violência perpetradas por seus cônjuges (NOGUEIRA, 2003). Mesmo nesse contexto, verificamos a presença dessas mulheres na Educação de Jovens e Adultos. Diante do exposto, a pesquisa intitulada “O meu sonho ninguém mata”: violência doméstica e escolarização de mulheres na Educação de Jovens e Adultos tem como principal objetivo analisar os atravessamentos da violência doméstica nos percursos de escolarização de alunas matriculadas entre os anos de 2019 e 2021 na EJA de Angra dos Reis. Os objetivos específicos que conduziram esse estudo foram: 1- conhecer os processos e os contextos de exposição das estudantes de EJA às diferentes categorias de violência contra a mulher; 2- identificar a importância atribuída pelas estudantes ao debate sobre violência contra a mulher no interior da escola; 3- descrever as trajetórias de escolarização de alunas vítimas de violência doméstica matriculadas na EJA em relação aos atravessamentos da violência doméstica; 4- compreender os significados que essas estudantes atribuem à escola; 5- identificar as perspectivas relacionadas à escolarização que as estudantes constroem em relação a seu futuro. A pesquisa utiliza uma abordagem qualitativa, a partir do uso de métodos mistos (CRESWELL E CLARK, 2013). As etapas da pesquisa foram compostas por revisão bibliográfica e pesquisa de campo, tendo como lócus de pesquisa uma escola pública que oferta EJA em Angra dos Reis. Os dados foram coletados através da aplicação de questionários e entrevistas semiestruturadas. Os resultados dessa pesquisa apontam o caráter epidêmico da violência doméstica contra a mulher, que afeta maior parte das estudantes investigadas e são perpetradas principalmente por seus cônjuges e com baixa frequência de realização de denúncia. As estudantes consideram importante o debate sobre o tema na escola, principalmente em função da conscientização, da possibilidade de desabafar e ser ouvida e da prevenção. As narrativas de vida das interlocutoras entrevistadas apontaram que as condições impostas pelo gênero se apresentam enquanto principais elementos de interrupção das suas trajetórias escolares e afetam seus processos de escolarização, constituindo-se como mais um obstáculo à permanência escolar na EJA. Os significados atribuídos à escola giram em torno da socialização, do refúgio, da concretização de um sonho impedido em etapa anterior da vida. Suas perspectivas futuras em relação à sua escolarização são principalmente a busca pela melhoria das condições de vida e de trabalho, a continuidade de estudos posteriores e o acesso à graduação. |