Trajetórias de mulheres da e na EJA e seus enfrentamentos às situações de violências

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Barreto, Maria Cláudia Mota dos Santos
Orientador(a): Musial, Gilvanice Barbosa da Silva
Banca de defesa: Santos, Carla Liane Nascimento dos, Sotero, Edilza Correia, Siqueira, Sandra Maria Marinho, Musial, Gilvanice Barbosa da Silva
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Educação
Programa de Pós-Graduação: em Educação
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/33765
Resumo: A pesquisa apresentada nesta dissertação tem como objetivo geral compreender as trajetórias de mulheres da e na EJA e suas repercussões nos enfrentamentos às situações de violências. Considerando a assimetria das relações entre homens e mulheres, dentro e fora das salas de aula, propõe-se a apreender a importância da instituição escolar, na vida das estudantes, para além do processo de escolarização. A relevância deste estudo perpassa as seguintes dimensões: empírica, teórica, política e estrutural. Trata-se de uma pesquisa do tipo empírica, com o método biográfico, que foi realizada no contexto de uma escola pública do município de Salvador-BA, adequando-se às exigências da nova realidade social imposta pela pandemia da COVID-19. Duas estudantes foram entrevistadas, utilizando o recurso das Entrevistas Narrativas, através de chamadas de áudio e da realização de um encontro presencial. As informações produzidas foram apreciadas à luz da Análise Narrativa. O estudo está baseado, nomeadamente, nas contribuições de Miguel Arroyo, para entender as especificidades das/os sujeitas/os da e na EJA; nos pressupostos de Angela Davis, Heleieth Saffioti, Kimberlé Crenshaw, Lélia Gonzalez e Nilma Lino Gomes para articular as opressões e exclusões de gênero, raça/etnia e classe social; e nas ponderações de Paulo Freire para refletir acerca dos processos de emancipação através da educação. Os resultados apontam que dentre as razões para o afastamento da escola, destacam-se a tripla jornada de trabalho, inclusive desde a infância, além da interdição de familiares, sobretudo da autoridade masculina. A sociedade brasileira imputa às mulheres o atributo de inferior comparada aos homens, culminando em discriminações e menores chances educacionais. Além da violência de gênero, a violência estrutural desponta como impeditiva para a escolarização de mulheres, principalmente quando são pobres, negras, periféricas e/ou migrantes. Muitas delas conseguem romper as amarras aplicadas pelo poder patriarcal e exercem o direito à educação, mas a decisão de retorno não transcorre sem conflitos, geralmente relacionados ao trabalho estabelecido como feminino e às contradições da sociedade capitalista de produção. A EJA emerge como possibilidade de restituir o direito à educação dessas pessoas, que apresentam como desejo o alcance de condições melhores para suas vidas. A escola insurge como um espaço de convivência e estabelecimento de relações de amizade. Inúmeros desafios ainda persistem, no plano dos processos formativos e educativos, para a conscientização e emancipação das mulheres-estudantes.