Sócio-poética das imagens materiais de Belchior: o sertão, a cidade, a América Latina e a Arcádia reinventados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Varela, Ângelo Felipe Castro
Orientador(a): Gomes, Ana Laudelina Ferreira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/48532
Resumo: A presente tese é referente às letras musicais do cantor e compositor Antônio Carlos Belchior (1946-2017), mais conhecido como Belchior, famoso pelo sucesso na década de 1970 e um dos mais importantes expoentes da chamada Música Popular Brasileira (MPB). Problematizo que as imagens lítero-musicais que suscito em sessenta e uma canções do cancioneiro do artista cearense, constituem uma sócio-poética do espaço, isto é, que a referências a espaço como sertão, América Latina, por exemplo, se configura numa interpretação simbólica e imaginária de tipos e fenômenos sociais, como a mulher, o indígena, o pobre, o trabalhador, o negro, o nordestino, o migrante, entre outros. Desse modo, destaco a existência de espaços poéticos, ou seja, a coleção de imagens literárias, artísticas, as quais misturadas na obra de Belchior, são verdadeiras referências simbólicas, posto que essas marcações remetem a sentidos, significados, sentimentos, valores e ideias que denotam mudanças de caráter estético e pessoal em detrimento de um aspecto mais geofísico. Identifico, assim, quatro espaços poéticos: um sertão poético em Belchior, subdividido em sertão de Sobral, sertão religioso e sertão de Fortaleza, em seguida, uma cidade poética em Belchior, a qual também se subdivide em cidade da contracultura, da política e do erotismo, uma América Latina poética, subdividida em uma América Latina da vontade, e uma América latina poética do repouso e, por fim, um quarto espaço poético, a Arcádia, local último de produção do artista e do ser Belchior. Metodologicamente recorremos à leitura bachelardiana das imagens, associando cada espaço poético a um elemento – água, fogo, terra e ar – da imaginação material produzida por Gaston Bachelard, somado ainda a sua produção fenomenológica da poética do espaço. Associo ainda à leitura bachelardiana, a produção existente em outras mídias como entrevistas para TV, rádio e imprensa escrita, trabalhos biográficos, sobre Belchior, bem como diálogo e entrevista com um dos seus principais parceiros musicais, o também cantor e compositor Jorge Mello. Desse modo, compreendi que essas imagens alusivas que suscito nas canções de Belchior, retroagem sobre o comportamento e a biografia do artista. Para estudar as imagens presentes no cancioneiro do artista cearense, utilizei uma abordagem pluridisciplinar, em especial, a da imagem e do imaginário, a partir de Gaston Bachelard e James Hillman, em especial, destacando como os fenômenos do imaginário ligam-se aos fenômenos da cultura tomada como atividade, processo em constante mudança, expressa na abordagem de Zygmunt Bauman sobre a natureza da vida cultural.