“Minha vida por um fio”: mobilização social e os itinerários das mulheres ribeirinhas vítimas de escalpelamento na Amazônia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Pinheiro, Diego Alano de Jesus Pereira
Orientador(a): Valle, Carlos Guilherme Octaviano do
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/45695
Resumo: Para produzir esta etnografia, objetivou-se compreender narrativas e itinerários terapêuticos em contexto de dor e sofrimento de mulheres pescadoras e ribeirinhas vítimas de escalpelamento nas regiões de rios da Amazônia. O Escalpelamento é um termo do campo biomédico que se refere ao arrancamento do couro cabeludo, no contexto em que investigo, o “acidente” ocorre através do enrolamento dos cabelos das mulheres no eixo dos motores de pequenas embarcações confeccionadas por mestres carpinteiros. O presente texto trata-se do trabalho de campo realizado dentre os meses de agosto de 2018 a agosto de 2019 em Belém, no Estado do Pará, realizado em particular, na ONG dos Ribeirinhos Vítimas de Acidente de Motor – ORVAM, com cerca de 150 integrantes cadastradas que visa acompanha-las no pós-acidente. As mulheres vitimadas por esse “acidente”, que em suma, ocorre quando são crianças ou adolescentes, tem suas vidas alteradas drasticamente, desde a privação do meio social, abandono dos estudos, abandono de conjugues, algumas sofrem até com o abandono da família, a vida laboral com a pesca torna-se impraticável, devido as dores de cabeça e às altas temperaturas da região Norte. Logo suas trajetórias são tomadas por itinerários terapêuticos, com cirurgias plásticas, enxertos, inserção de próteses como orelhas (também por vezes mutiladas) e usam-se de perucas, uma vez que o escalpelamento impossibilita o crescimento de cabelos outra vez, nesse sentido, buscam através desses meios, reconstruírem seus corpos e tornarem-se o que chamam de “mulheres de verdade”. O Estado, por sua vez, atua elaborando políticas num discurso de combate e prevenção ao “acidente”. Questões como Deficiência, Trabalho Infantil e Acidente de Trabalho também integram o complexo debate que envolve o contexto desse “acidente” cruel e por vezes irreparáveis. Neste sentido, sob a luz da Antropologia, busco refletir essas questões na interseção do Corpo, Saúde e Emoções.