Mobilidade populacional e vulnerabilidade sociodemográfica no contexto da transposição do Rio São Francisco

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Costa, Paulo Victor Maciel da
Orientador(a): Ojima, Ricardo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DEMOGRAFIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/29515
Resumo: O Projeto de Transposição, considerado um dos maiores empreendimentos estruturais que o Governo Federal vem executando, é uma extensão do Rio São Francisco para atenuar os problemas oriundos do fenômeno da seca especialmente no sertão nordestino. Contudo, esse tipo de empreendimento não é monumental apenas em termos de tamanho, mas também em termos de impactos ambientais, sociais e/ou demográficos. Estes impactos podem afetar as relações socioespaciais e, assim, moldar novas dinâmicas dentro do território, sejam espaciais ou migratórias, capazes de afetar fortemente a vida da população e os espaços atingidos. Foi constatado, através da literatura, que a dinâmica migratória é uma das principais componentes demográficas que promete mudanças significativas na vulnerabilidade populacional nas áreas de influência do Projeto de Transposição, haja vista que pode afetar tanto a distribuição como a composição da população no espaço em apreço, podendo dificultar, dessa maneira, o acesso a ativos (capital humano – como educação; capital social – como redes de apoio; e capital físico - como moradia) necessários à defesa e adaptação aos riscos sociais que persistem e que emergem no Semiárido nordestino. No Brasil, pouco se tem abordado sobre a dimensão dos deslocamentos em torno da temática dos megaprojetos, ainda mais considerando os aspectos da vulnerabilidade sociodemográfica. Assim, o principal objetivo desta pesquisa é entender como a mobilidade populacional, decorrente da obra da transposição, pode interferir na vulnerabilidade sociodemográfica dos espaços urbanos das áreas de influência desse empreendimento no sertão nordestino. Para tanto, metodologicamente, para mensuração da mobilidade populacional foi utilizado o quesito última etapa com tempo de residência inferior a 4 anos. Já para mensurar a vulnerabilidade sociodemográfica, foi adotado o Índice de Vulnerabilidade Sociodemográfica (IVSD), desenvolvido com base no índice de vulnerabilidade de Cunha et al. (2006), bem como na literatura que trata dessa abordagem. A principal fonte de dados para ambos os métodos foi o Censo Demográfico de 2010. Dito isso, os principais resultados mostram que apesar do Projeto de Transposição ser uma das principais estratégias de mitigação da problemática da seca no sertão nordestino, ele gera maiores desafios tanto para a população atraída pelo Projeto e para aqueles que já se encontravam em suas áreas de influência quanto para a gestão municipal no atendimento das demanda de infraestrutura urbana. Considerando os clusters Alto-Alto (correlação positiva entre os altos valores da mobilidade populacional e os valores também altos da vulnerabilidade sociodemográfica, estatisticamente significativos), mais evidentes na AID, é possível afirmar que a mobilidade populacional oriunda do Projeto de Transposição tenha sido responsável em grande medida pelo aumento da pressão sobre os serviços públicos já deficitários nos espaços urbanos nessa região.