Lima Barreto: o escritor do nomadismo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Oliveira, Francisco Humberlan Arruda de
Orientador(a): Camargo, Katia Aily Franco de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/49870
Resumo: Esta tese de doutoramento tem como objeto de estudo os contos do escritor carioca Afonso Henriques de Lima Barreto por meio de análise literária sob uma nova perspectiva teórica, o nomadismo. Por mais que os estudos acadêmicos tenham, na atualidade, a preferência pela produção contemporânea, é salutar que a escrita de Lima Barreto seja presente na academia. Contudo, desde a segunda metade do século XX, é dispensada a ela um tratamento por meio de critérios mais sociológicos do que literários, isto é, as pesquisas em torno das suas obras têm focalizado aspectos temáticos, em especial, os da contemporaneidade como a questão racial, social, cultural e de representatividade. Nesse sentido, o objetivo principal dessa tese é identificar, por meio do gênero textual conto, que não é possível entender a produção de Lima Barreto como engajada com temáticas específicas, mas como uma escrita em permanente trânsito, situada no entrelugar, ou ainda, caracterizada por uma escrita nômade. No que se refere à problemática do nomadismo, usamos os preceitos conceituais de Flusser (2003, 2007); em relação à fortuna crítica e teórica sobre as obras de Lima Barreto utilizamos, como principais proposições discursivas, Barbosa (2002), Oakley (2011), Schwarcz (2017), e Figueiredo (2017); quanto à especificidade do gênero textual este trabalho tem como aporte teórico Pratt (1994), O’Connor (2004) e Cortázar (2006). Em relação à narrativa, o suporte teórico tem base em Candido (2000; 2004), sobre a função da literatura, e Adorno (2012), sobre o artista como representante. A pesquisa é de ordem qualitativa já que se detém na análise das categorias estéticas – como os tipos de discursos e linguagem empregada – e culturais, como a experiência da subjetividade e da função do escritor, que permeiam os textos selecionados. Os contos utilizados foram publicados entre 1915 e 1922, época de maior produção e participação de Lima Barreto em revistas, jornais e livros. Os contos foram produzidos sob o contexto político, social e cultural da belle époque carioca e apresentam leitmotiv de temas em que é possível comparálos para evidenciar em que medida há o engajamento com a arte – que seria próprio do gesto nômade – ou com as demandas sociais. A hipótese desta tese é de que a escrita de Lima Barreto se encontra em movimento, isto é, ela rompe com o habitual como forma de crítica, ao mesmo tempo que tenta fazer parte daquilo que é objeto de sua crítica. Esse movimento paradoxal se explica pelo nomadismo de Flusser que parte da premissa de que não há valores eternos na humanidade, mas sim funções mutáveis. E isso Barreto vai realizando ao longo da sua produção, seja para entrar na Academia Brasileira de Letras ou, ainda, para viver da glória das letras, como o escritor dizia. Porém, Lima Barreto faz isso de forma consciente e norteado pela idealização que fazia da função do escritor e da literatura, em que acreditava que só por intermédio da arte era possível superar as limitações impostas pelos diversos preconceitos.