O médico, os músicos e o monstro: Josué de Castro, o Manguebeat e o heavy metal na (re)presentação do Nordeste

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Ramalho, Renan Vinícius Alves
Orientador(a): Peixoto, Renato Amado
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/57398
Resumo: Este trabalho tem como objetivo compreender como se deu a circulação e a transformação das imagens e dos conceitos do romance Homens e caranguejos (publicado em 1965), de Josué de Castro, na década de 1990 em sua relação com os debates sobre as representações espaciais da regionalidade nordestina. Partiu-se de dois pressupostos: o fato de que, em sua ficção, o autor reciclou noções e personagens esboçados em escritos anteriores (desde contos da década de 1930, até suas produções geográficas e sociológicas nas décadas seguintes) bem como aquilo que Castro chamou da dimensão autobiográfica do seu texto literário. A partir disso, primeiramente analisou-se a operação que resultou no romance, em que se observou uma correlação entre as representações espaciais e um sentido pessoal na escrita do autor, de modo a fundamentar o posterior exame das leituras de tais conteúdos pelos sujeitos do nosso recorte. Ao fim, constatou-se que as imagens e os conceitos de Josué de Castro, ao serem recolocados em tempos e espaços distintos, assumiram significados originais e imprevisíveis, rompendo, eventualmente, a consciência do seu vínculo com o autor. A esse respeito, dá-se destaque ao sentido que tais conteúdos assumiram a partir dasleituras realizadas pela exposição Homem-gabiru: catalogação de uma espécie (exibição de fotografias, ilustrações e textos ocorrida em Recife em 1992) e pelo Manguebeat (movimento artístico ocorrido na capital pernambucana na década de 1990, que propunha uma visão sobre a cultura local atualizada e aberta a influências globais). Nessa direção, investigou-se como tais experiências extrapolaram o espaço local, sendo tematizados na imprensa nacional, dando novos sentidos aos conceitos inspirados em Josué de Castro, bem como em circuitos culturais mais amplos, como a cena metal dos EUA, dada sua influência nos álbuns Roots (1996), do Sepultura, e Soulfly (1998), disco de estreia da banda homônima. Foram utilizados como fontes os escritos de Castro periódicos e produções artísticas diversas, como encartes, canções e videoclipes.