Um instante no tempo, gênesis de mundos: a construção de um Rio Grande do Norte na perspectiva de Newton Navarro (1928-1980)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Lucena, Henrique Alexandre Medeiros de
Orientador(a): Albuquerque Júnior, Durval Muniz de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Mar
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/31222
Resumo: O presente trabalho analisa a importância da obra do artista e intelectual Newton Navarro Bilro (1928-2002) para a formação de uma identidade para a cidade do Natal e para o estado do Rio Grande do Norte, partindo de uma dualidade espacial dicotomizada entre o sertão e o mar e a personagens ligados a esses espaços. O trabalho buscou analisar a construção de sua arte, que ao mesmo tempo foi uma representação de experiências biográficas, como também de um arquivo de imagens extraídas de suas leituras e de suas experiências estéticas. Ele elaborou uma serie de indivíduos psicossociais definidos por suas atividades profissionais como: vaqueiros, pescadores, marinheiros e jangadeiros que se constituíram em personagens ligados à cidade do Natal, bem como ao Rio Grande do Norte. Navarro estabelece uma figuralidade cartografando imagetica e socialmente esses espaços. O texto procura evidenciar que a produção artística atua como um documento histórico e ferramenta identitaria, que no caso da arte navarrena foi apropriada pelos governos municipal e estadual, entre os anos de 1960 a 1980. A análise das obras pictóricas navarreanas foi feita a partir de dois pressupostos: a compreensão de Navarro como sujeito psicossocial e, ao mesmo tempo, as transformações que Natal e o Rio Grande do Norte passaram, indo da modernização do sertão algodoeiro e pecuarista, passando pela Segunda Guerra Mundial e seus reflexos nas políticas de modernização dos governos municipais e estaduais, como o de Sylvio Pedrosa, Djalma Maranhão e Aluisio Alves. O primeiro capítulo consiste na análise de uma imagética navarreana ligada ao imaginário do sertão, articulando o elemento terra, a dimensão masculina, a relação com a figura paterna, em obras que buscam a representação do poder telúrico. O segundo capítulo se se volta para a constituição de um mundo matriarcal, representado por sua mãe e avó, que foi reestruturado pelos efeitos da Segunda Guerra Mundial. Nesse capítulo analiso a construção navarreana de um mundo natalense ligado ao líquido, ao onirismo erótico masculino que cartografa uma Natal litorânea e um espaço híbrido entre o rio e o mar. O terceiro capítulo, a partir da trajetória da vida adulta de Navarro, busca analisar a gramática visual navarreana, apoiada na hibridação de imagens do sertão e do mar, atravessada por uma profunda religiosidade e o conflito entre o sagrado e o profano, o desejo e a censura, o dionisíaco e o apolínio, a gramática visual de um homem dilacerado subjetivamente por conflitos e por performances sociais contraditórias.