Resumo: |
A literatura nos possibilita o contato com diferentes tempos, diferentes lugares, diferentes vozes e sensações, pois as narrativas construídas pelos autores se baseiam em maior ou menor medida em sua realidade social. Por essa razão, a literatura se apresenta como uma possibilidade de fonte para estudos sobre a sociedade, e quando isso é aplicado aos estudos sobre o passado pode-se utilizar a abordagem da história cultural, a qual entende esses registros como representações que criam imaginários e sensibilidades. Esse trabalho objetiva buscar as representações da cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte, em crônicas memorialistas publicadas por autores locais em meados do século XX. Para desenvolvimento, foi discutida a abordagem historiográfica da história cultural, principalmente por meio dos estudos de Sandra Pesavento (2012) e Roger Chartier (1988), também se buscou maneiras de trabalhar a literatura como fonte de pesquisa, e para isso foi apresentada a técnica da análise dialética de Antonio Candido (1970) como a melhor maneira de interpretar criticamente uma obra literária. E ao considerarmos que as crônicas são memórias dos autores, investigou-se formação da memória coletiva e o papel da literatura como registros dessas memórias. Escolhemos como fontes as crônicas de Augusto Severo Neto (1985) e Newton Navarro (2006), que foram publicadas primeiramente em jornais como coluna social onde os autores contavam suas experiências na cidade a partir das memórias da juventude. As crônicas trabalhadas neste trabalho referem-se à Natal dos anos 1920, 1930, 1940 e 1950 aproximadamente, pois o passado e o presente dos autores se misturam e as datas não estão explícitas nas narrativas. As crônicas apresentam uma Natal que se modernizava atendendo aos anseios das elites locais, ao mesmo tempo que mantinha seus costumes típicos de uma cidade provinciana, e assim, por meio da obra dos autores, temos contato com uma cidade onde coexistem ao mesmo tempo a modernidade e a tradição. |
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