Letramentos de resistência: mulheres na luta por terra e território na Chapada do Apodi

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Graças, Maria Adriana Vieira das
Orientador(a): Tinoco, Glicia Marili Azevedo de Medeiros
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/28225
Resumo: A luta por terra e território que vem sendo travada, desde 2011, na porção norte-rio-grandense da Chapada do Apodi evidencia a disputa entre dois modelos de agricultura. De um lado, estão o agro e hidronegócio que, fundamentados na utilização de grandes áreas de terra e elevada quantidade de água, associada ao uso de agrotóxicos na produção, priorizam o lucro e ameaçam a vida no campo. Do outro, a agricultura familiar e camponesa que, a partir da produção, na maioria dos casos de base agroecológica, em pequenas propriedades, prioriza a vida e a biodiversidade no campo. Essa disputa mobiliza diversos movimentos e organizações locais, nacionais e internacionais contra as desapropriações e a favor das famílias ameaçadas de expulsão de suas terras. Constitui-se, dessa maneira, um movimento de luta e resistência na (e pela) Chapada do Apodi. Desse processo, destacamos, nesta dissertação, as ações de leitura, escrita e oralidade, tomadas como letramentos de resistência, desenvolvidas por trabalhadoras rurais de Apodi. Inserida no campo da Linguística Aplicada (MOITA-LOPES, 2006; PENNYCOOK, 2006), esta pesquisa assume uma abordagem qualitativa e interpretativista, amparada nos estudos de letramento de vertente etnográfica (KLEIMAN, 1995; TINOCO, 2008; SOUZA, 2009; SITO, 2010), na concepção dialógica da linguagem (BAKHTIN/VOLOSHINOV, 2006 [1929]) e no campo da educação popular e pedagogia crítica (FREIRE, 2014 [1974]; GIROUX, 1986). Seu objetivo geral é analisar os impactos sociais que resultam dos letramentos de resistência protagonizados pela Comissão de Mulheres do Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais de Apodi (STTR) no processo de luta por terra e território na Chapada do Apodi norte-rio-grandense. Os objetivos específicos são (i) compreender o processo de construção de eventos de letramento de resistência na luta por terra e território na Chapada do Apodi e, nesses eventos, (ii) examinar estratégias e táticas de linguagem construídas por trabalhadoras rurais de Apodi para fortalecer suas práticas de agricultura familiar e, ao mesmo tempo, contrapor-se ao discurso das grandes empresas do agro e hidronegócio. Os dados foram gerados em seis eventos: duas oficinas com trabalhadoras rurais de Apodi; quatro sessões de entrevistas com coordenadoras e ex-coordenadoras da Comissão de Mulheres do STTR de Apodi. Os resultados apontam que práticas de letramento de resistência, mobilizadas em âmbito local e aliadas a outras práticas sociais de organização popular, podem transformar um problema local em uma luta coletiva internacional e contribuir para o fortalecimento da autonomia feminista de trabalhadoras rurais que, independentemente da escolaridade, atuam como agentes de letramento na luta por terra e território no Rio Grande do Norte e além-fronteiras.