Relação do turno escolar e do grau de urbanização com os hábitos de sono e desempenho cognitivo em adolescentes do curso técnico integrado de nível médio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Bessa, Zoelia Camila Moura
Orientador(a): Azevedo, Carolina Virginia Macedo de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/49447
Resumo: O ciclo sono vigília de adolescentes é caracterizado por um atraso de fase associado a mudanças biológicas, comportamentais e sociais, sendo afetado pelos horários escolares. O objetivo deste estudo foi analisar a relação do turno escolar com os hábitos e qualidade de sono, sonolência diurna e desempenho cognitivo em adolescentes em regiões com graus de urbanização distintos. Participaram do estudo 294 adolescentes de cursos técnicos integrados de nível médio, com idade de 15,3 ±0,8 anos (175 meninas/119 meninos). Do total, 133 dos estudantes eram do turno matutino e 161 do vespertino, sendo subdivididos em dois grupos em função do grau de urbanização da região: região metropolitana e interiorana. O padrão de sono foi avaliado pelos questionários: a saúde e o sono, Índice de qualidade de sono de Pittsburgh, Escala de matutinidade/vespertinidade, Escala Pediátrica de sonolência diurna, além do diário de sono com a Escala de Sonolência de Maldonado durante 10 dias. Neste período, foram realizadas tarefas cognitivas que avaliaram a atenção e a memória operacional. Estudantes do turno matutino dormiram (B=-72; p=0,00) e acordaram (B=-177,3; p=0,00) mais cedo e tiveram menor tempo na cama (B=-103,7; p=0,00) na semana, pior qualidade de sono (B=1,5; p=0,00), maior irregularidade nos horários de acordar (B=43,3; p=0,00) e tempo na cama (B=120,1; p=0,00) entre semana e fim de semana, e maior índice de jetlag social (B=31,0; p=0,00) em relação aos do vespertino. Além disso, maior frequência de cochilos e predominância dos horários escolares como motivo para despertar na semana, e maior sonolência diurna (B=1,5; p=0,04). Embora os estudantes do turno matutino tenham tido menor percentual de respostas corretas na atenção seletiva (B=-5,5; p=0,03) e no alerta tônico (B=-2,0; p=0,09), apresentaram menor tempo de reação no alerta fásico (B=-36,8; p=0,03). Com relação ao grau de urbanização, os alunos da região metropolitana dormiram (B=-49,7; p=0,00) e acordaram mais tarde (B=- 31; p=0,01), tiveram menor tempo na cama (B=22,8; p=0,06) e maior sonolência ao acordar (B=-0,7; p=0,00), assim como maior ocorrência de atividades que favorecem ao alerta à noite. Além disso, apresentaram maior tempo de reação no alerta fásico (B=-46,7; p=0,01). Entretanto, tiveram maior percentual de respostas corretas no alerta tônico (B=-4,1; p=0,00), fásico (B=-7,2; p=0,00) e atenção seletiva (B=-10,1; p=0,00); e menor percentual de omissões no alerta tônico (B=1,5; p=0,04) e fásico (B=1,6; p=0,03). No geral, a tendência à vespertinidade foi associada a horários de deitar (B=-5,4; p=0,00) e acordar (B=-3,6; p=0,00) mais tardios, maior sonolência (B=-0,3; p=0,00) e pior qualidade de sono (B=-0,2; p=0,00), sem associação com as variáveis cognitivas. Considerando a memória, não houve relação consistente entre essa variável e as preditoras. Dessa forma, estudos futuros utilizando outras tarefas de avaliação da memória operacional são necessários para analisar essa relação. Portanto, nosso estudo confirma a hipótese que o início das aulas às 7:00h está associado a prejuízos nos hábitos de sono e desempenho atencional de adolescentes, que são afetados pelo grau de urbanização. Em relação ao grau de urbanização, sugerimos que as oportunidades educacionais vivenciadas ao longo da vida podem afetar o desempenho atencional de adolescentes.