Navegando no Imaginário do Oceano Samba: as rodas de samba como microcosmos sociais constituem-se como potencial formador humano?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Nunes , Bruno Blois
Orientador(a): Peres, Lúcia Maria Vaz
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/9500
Resumo: Essa tese insere-se na linha de pesquisa Cultura Escrita, Linguagens e Aprendizagem do Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), fomentada no Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Imaginário, Educação e Memória (GEPIEM). O objetivo desse trabalho foi investigar se as rodas de samba como microcosmos sociais poderiam carregar em si, um potencial para formação humana. O estudo voltou-se à pesquisa de rodas de samba do Mercado Central e do aniversário de um ano do Boteco Copa Rio, ambas realizadas em Pelotas/RS, para buscar os sentidos e as pregnâncias daquela experiência de imersão que denominei Oceano Samba. Para navegar nesse oceano, utilizei as seguintes âncoras teóricas dos estudos do Imaginário: “animal simbólico” de Ernst Cassirer; “bacia semântica” de Gilbert Durand, “ressonância/repercussão” de Gaston Bachelard e “pensamento complexo” de Edgar Morin. A coleta de dados teve origem em uma pergunta detonadora: em uma ou duas palavras o que tem vem à mente quando pensas em samba? “Alegria”, “confraternização”, “magia”, “celebração da alma” e “arte do povo” foram algumas das palavras mencionadas revelando seis trechos aquíferos. Diante dos achados, elaborei onze pregnâncias educacionais para uma formação humana: 1) o educador desencadeia “perturbações”; 2) o educador deve promover a “cultura da interioridade”; 3) o educador pode propiciar “o cultivo da alma” no aluno; 4) “educação é a capacidade de perguntar e não de responder”; 5) “que a proa e popa da nossa didática sejam: buscar e encontrar um método para que os docentes ensinem menos e os discentes aprendam mais”; 6) “a verdade é que nenhum sistema educacional é preferível em si mesmo a outro”; 7) “os espaços de formação nem sempre são os tradicionais; 8) “não deixar os alunos considerados pelo sistema educacional sem perspectivas futuras como ‘carcaças abandonadas pela maré escolar’”; 9) “conhecimento e afeto quanto mais a gente divide, mais a gente acumula”, 10) “ninguém pode construir seu conhecimento sobre uma rocha de certeza” e 11) “a inovação é um esporte coletivo; a criatividade, um esforço colaborativo”. As experiências vividas nas rodas de samba fazem dela um potente reduto de formação humana. É por essa razão que alguns tripulantes consideram o samba como “parte mais importante na nossa vida”, “melhor coisa que tem” e “refúgio fiel do dia a dia da periferia brasileira”. É nela que eufemizamos nossa existência e levamos uma “vida com molejo”. Essas manifestações, muitas vezes malvistas por parte da sociedade, carregam valores simbólicos que enriquecem os frequentadores que delas participam. Esses achados permitem problematizar outras formas de formação e educação para além dos espaços institucionalizados mostrando que a formação, em seu amplo sentido, está para além do conteúdo desenvolvido em uma sala de aula. As trocas simbólicas e os vínculos reforçados entre seus frequentadores evidenciaram que, entre outros espaços de formação, a roda de samba é um deles. Diante das convergências entre teoria e empiria defendo a tese que as rodas de samba desse estudo são reveladoras de microcosmos sociais cujo âmago reside um potencial formador humano em seus frequentadores.