Estudo etnobotânico de plantas alimentícias não convencionais (PANC): saberes e sabores da agricultura familiar em São Lourenço do Sul, RS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Theis, Joan da Silva
Orientador(a): Mauch, Carlos Rogério
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar
Departamento: Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/4762
Resumo: Historicamente, diversas plantas são utilizadas na alimentação humana, conforme o conhecimento e cultura de cada sociedade. No entanto, no sistema agroalimentar vigente, há uma clara homogeneização da produção e oferta de alimentos, a qual implica na subutilização ou mesmo negligência em relação ao potencial alimentício de um grande número de espécies de plantas. O presente trabalho teve como principal objetivo resgatar o etnoconhecimento relativo às plantas alimentícias não convencionais (PANC), em propriedades de agricultores familiares agroecológicos ou em transição agroecológica do município de São Lourenço do Sul, RS, Brasil. Para tanto, foi realizado um levantamento das espécies de PANC conhecidas e/ou utilizadas localmente, a partir dos relatos dos agricultores e agricultoras, bem como, caracterizados os tipos e frequência destes usos, as partes consumidas e as respectivas formas de uso e preparo. Entre janeiro e dezembro de 2018, foram realizadas entrevistas a partir de um roteiro semiestruturado com quatorze famílias de agricultores (as) selecionadas dentre as atendidas pelo Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA), no município. Paralelamente, foram coletados materiais testemunhos das espécies citadas pelos entrevistados (as), a fim de auxiliar na identificação taxonômica e documentar a ocorrência. Ao total, foram registradas 383 citações de PANC, as quais correspondem a 120 espécies, distribuídas em 51 famílias, sendo Myrtaceae a família com maior número de espécies de PANC citadas. A grande maioria das espécies teve a sua frequência de uso caracterizada como “eventual”, seguido de consumo “frequente”. No entanto, uma pequena quantidade faz parte de fato nos hábitos alimentares diários da maioria dos entrevistados (as), tais como: Citrullus lanatus var. citroides, Butia odorata, Ananas bracteatus, Psidium cattleyanum e Araucaria angustifolia. Constatou-se que o conhecimento ou consumo em forma processada é expressivo, como em sucos, geleias, schmier (doce em pasta para passar no pão), bem como em pratos salgados cozidos, assados e fritos. No entanto, dentre as partes indicadas para as PANC, os frutos se destacaram, dos quais, para a maioria, o consumo é in natura. Entre os fatores observados como importantes para determinar a subutilização das PANC, ou a negligência quanto ao seu uso localmente, está a influência da globalização e homogeneidade de hábitos alimentares na preferência por consumo. Ou seja, estas plantas já foram e/ou continuam sendo usadas na alimentação de forma eventual, mas a maioria não desperta o interesse no seu uso cotidiano ou para exploração econômica. O estudo demonstra a importância de valorização dos recursos genéticos nativos e naturalizados ainda pouco conhecidos quanto a este potencial através de pesquisas e divulgação, a fim de auxiliar na conservação ambiental, na valorização cultural local, na soberania e segurança alimentar e nutricional, bem como, na sustentabilidade da agricultura