Plantas Alimentícias Não Convencionais, PANC, Reconhecidas e Utilizadas Pelas Famílias de Estudantes da Escola Família Agrícola da Região Sul, EFASUL

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Echer, Reges
Orientador(a): Mauch, Carlos Rogério
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar
Departamento: Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/7916
Resumo: Atualmente a diversidade alimentar no planeta está restrita a poucas plantas, 50% das calorias ingeridas diariamente são oriundas de apenas quatro espécies. Estima-se que 30 mil espécies podem ser utilizadas na alimentação e que muitas destas informações estão sendo perdidas entre as comunidades tradicionais detentoras deste conhecimento. Somente no Rio Grande do Sul, estudos indicam um conhecimento de mais de 300 espécies utilizadas na alimentação. O presente trabalho teve como objetivo contribuir para o registro e conhecimento sobre plantas alimentícias não convencionais (PANC) que são reconhecidas e utilizadas por agricultoras e agricultores vinculados à Escola Família Agrícola da Região Sul - EFASUL. Para isso foram realizadas entrevistas entre janeiro e abril de 2019, com a participação de 21 famílias de educandos, buscando conhecer as PANC que são reconhecidas e utilizadas, bem como as formas e frequência de usos. As amostras das plantas citadas foram coletadas para determinação taxonômica e tombamento no herbário ECT da Embrapa Clima Temperado. Além disso algumas com maior disponibilidade e ausência ou número reduzido de pesquisas tiveram as partes comestíveis coletadas para análise de compostos bioativos. As famílias entrevistadas citaram de 29 a 60 espécies, totalizando 129 espécies pertencentes a 55 famílias botânicas. Myrtaceae foi a mais citada seguida por Asteraceae. As espécies mais citadas em ordem decrescente foram Ananas bracteatus, Butia odorata, Syagrus romanzoffiana, Psidium cattleianum e Eugenia uniflora. A principal forma de consumo é in natura, seguido por saladas e sucos, porém algumas formas processadas de schmier, sucos e geleias são consumidos com frequência. Frutos são a parte mais utilizada, seguido de folhas e flores. Em relação aos compostos bioativos, carotenoides totais e compostos fenólicos totais encontrados nas flores de Tropaeolum majus foram maiores do que os encontrados na bibliografia. Relatos das famílias apontam que muitas plantas são utilizadas e que o conhecimento sobre os usos permanece vivo, porém demandam conhecer mais sobre usos alimentares e medicinais da flora regional quando em contato com o tema. Alguns agricultores e agricultoras apontam que o avanço da monocultura e a modernização da agricultura afetaram a abundância e distribuição de algumas espécies, principalmente as campestres como Campomanesia aurea e Psidium salutare var. sericeum. Percepções das agricultoras e agricultores sobre a transformação do espaço rural ao longo do tempo, impactos da agricultura, uso de agrotóxicos e seus impactos para a saúde são transcritos. Percepções a cerca da importância das PANC, seu uso e benefícios para a saúde, reforçam seus interesses de uso alimentar. Registro pioneiro para uso de Colocasia esculenta var. antiquorum para produzir bebida tipo café. O registro destes saberes abre portas para novas pesquisas sobre o uso tradicional da biodiversidade local e avaliações de compostos bioativos e busca salvaguardar e divulgar as informações coletadas bem como promover a valorização da cultura e biodiversidade local, contribuindo com a soberania e segurança alimentar dos povos tradicionais e das futuras gerações do campo.