Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC): estudo etnobotânico no contexto da Associação Regional de Produtores Agroecológicos da Região Sul - ARPASUL

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Magalhães, Rafaela de Sousa Corrêa de.
Orientador(a): Mauch, Carlos Rogério
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar
Departamento: Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/4999
Resumo: O conhecimento sobre espécies alimentícias tradicionais está relacionado à soberania alimentar e à manutenção de espécies nos agroecossistemas. Tendo em vista a importância do resgate e preservação dos conhecimentos sobre plantas alimentícias não convencionais (PANC) na busca pela valorização do seu uso e diversificação alimentar, objetivou-se realizar estudo etnobotânico com famílias de agricultores(as) vinculados(as) à Associação Regional de Produtores Agroecológicos da Região Sul – ARPASUL. Os dados foram coletados nas unidades de produção familiar (UPF), no período entre julho de 2018 e outubro de 2019, através de entrevistas semiestruturadas, baseadas em roteiro, e entrevistas livres, que contemplaram conhecimentos relacionados às plantas alimentícias não convencionais, além de turnê-guiada, onde os(as) agricultores(as) indicavam as plantas conhecidas e informavam o nome pelo qual as conheciam. Os dados de coletas foram anotados em caderneta de campo e o material botânico coletado foi herborizado e depositado no Herbário ECT da Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS. As frequências absolutas e relativas das variáveis do estudo foram calculadas e as associações entre as variáveis “tipo de uso”, “frequência de uso”, “cultivo”, “comercialização” e “possuir a planta na propriedade”, foram testadas através do teste de Qui-Quadrado de Pearson ou teste Exato de Fisher. A força das associações foi calculada pelo teste V de Cramer. Foi considerado como diferença significativa valores iguais ou inferiores a 5% de probabilidade de erro. Houve 331 citações de plantas alimentícias não convencionais, identificadas como 86 espécies pertencentes a 40 famílias. As famílias Myrtaceae, 44 citações para 13 espécies, e Asteraceae, 46 citações para 12 espécies, apresentaram maior número de citações. A maioria das plantas citadas foi conhecida através de seus familiares ou de informações técnicas. A folha é a mais utilizada das PANC e a principal forma de consumo é in natura. Os resultados indicam que o fato de o(a) agricultor(a) possuir uma PANC na sua propriedade tem relação significativa com a frequência de consumo desta planta, logo, quando o(a) agricultor(a) possui a planta, tende a utilizá-la com maior frequência. Também pode ser observado que o fato do(a) agricultor(a) comercializar a planta tem relação significativa com o fato do mesmo cultivá-la. Considera-se que o resgate dos conhecimentos tradicionais sobre PANC demonstrou que parte considerável das plantas conhecidas não é consumida pelos(as) agricultores(as), sendo a principal causa do desuso das PANC conhecidas a falta de informação das partes que podem ser utilizadas e quais as formas de preparo. Portanto, ações que além de desmistificar o uso dessas plantas, construam conhecimentos botânicos, nutricionais e gastronômicos, além de oportunizar o contato com alimentos produzidos a partir destas plantas, é imprescindível, uma vez que a principal forma de aquisição das PANC é através dos(as) agricultores(as) ecológicos(as).