"Eu tô no camelô": a construção de identidades profissionais no Pop Center em Pelotas (RS).

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Silva, Neidiâne Cardoso da
Orientador(a): Niz, Pedro Alcides Robertt
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Departamento: Instituto de Filosofia, Sociologia e Política
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/8479
Resumo: Esta dissertação visa analisar os processos de socialização, as trajetórias laborais e a construção das identidades ―socioprofissionais‖, dos vendedores e vendedoras do Pop Center no município de Pelotas, Rio Grande do Sul. O Pop Center foi o primeiro shopping popular construído em Pelotas na primeira metade da década de 2010, para legitimar o ofício dos trabalhadores que comercializavam nas ruas do entorno do antigo centro histórico. Atualmente é composto por um total de 546 lojas, distribuídas entre comerciantes e praça de alimentação, e é conhecido principalmente pela venda de mercadorias diversas, de roupas a produtos eletrônicos. Este estudo se iniciou originalmente em Goiânia-GO entre 2012 e 2015, com o objetivo de pesquisar o ofício dos vendedores de eletrônicos que comercializavam suas mercadorias nos camelódromos do bairro de Campinas. A partir daí observou-se a necessidade de investigar esses sujeitos sociais em um novo contexto econômico, social, e local, em Pelotas. Isso porque esses trabalhadores têm passado por abruptas transformações nas suas atividades e enfrentado crises desde 2015. Presume-se que esses sujeitos sociais seguem trajetórias recorrentes neste ofício, alguns foram socializados neste ambiente e, por isso, cabe estudar como é a construção de suas identidades socioprofissionais. Dessa forma, o principal objetivo da pesquisa consiste em compreender como os vendedores e vendedoras exercem seus ofícios, e de que forma o labor influencia na construção de suas identidades socioprofissionais. Para realizar esta pesquisa, parti de uma revisão bibliográfica sobre a constituição do mercado de trabalho no Brasil e a informalidade, priorizando a teoria sociológica francesa de Claude Dubar. Em diálogo com a teoria deste último, este estudo se valeu principalmente da teoria construtivista de Berger e Luckmann, e dos conceitos de identidade-eu e identidade-nós de Norbert Elias, de habitus de Pierre Bourdieu, trajetória individual e campo de possibilidades de Gilberto Velho. Esses foram os conceitos chave mobilizados para compreender as principais características da socialização, das trajetórias laborais e a construção das identidades naquele espaço social. O estudo foi realizado com base em uma metodologia de cunho qualitativo, fundada em técnicas de observação participante e entrevistas semiestruturadas para conduzir um estudo de caso sobre o Pop Center e as pessoas que nele trabalham. Foram entrevistadas 17 pessoas entre outubro e dezembro de 2020, sendo quinze trabalhadores, a gerente administrativa do Pop Center e o fiscal da prefeitura de Pelotas. Os resultados demonstram que, por meio da identidade herdada (camelô), os atores sociais constituíram e estão construindo identidades visadas, fazendo a projeção de si no futuro. Na análise pormenorizada da ―identidade-para-outro‖ demonstra-se que a sociedade ainda os vê como camelôs, e por isso alguns desses trabalhadores remetem a essa identificação, pois ainda são reconhecidos socialmente por essa atividade. Já a ―identidade-para-si‖ opera na posição herdada, mas em decorrência das suas trajetórias subjetivas ocorreu a incorporação de outras identidades (comerciante, vendedor, lojista, microempresário, microempreendedor). Portanto, o termo camelô é uma representação social duradoura do espaço social Pop Center, resultado de processos sociais que remetem à socialização, as trajetórias e a construção de suas identidades socioprofissionais.