Hannah Arendt e Paulo Freire: a Educação e o Compromisso com a Conservação e a Transformação do Mundo.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Nascimento, Lizandra Andrade
Orientador(a): Ghiggi, Gomercindo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/7747
Resumo: Nesta tese, salienta-se o caráter conservador da educação, tendo em vista a proteção das crianças de uma exposição precoce ao mundo público e a formação voltada ao amor mundi. Assinala-se, também, o papel da escola na renovação do mundo, pela ação política de homens que agem em conjunto, demonstrando o amor por esse espaço-tempo partilhado. Para tanto, são retomadas noções significativas apresentadas por Hannah Arendt e Paulo Freire. Com o intuito de responder à indagação sobre as possibilidades de uma educação comprometida com o mundo no contexto da desertificação (Arendt) ou do mundo como suporte (Freire), investigam-se as temáticas da natalidade/inacabamento, do amor e da autoridade. Assim, a tese defendida neste estudo é a de que a educação precisa ser conservadora, protegendo as crianças e o mundo. Ao mesmo tempo, cabe à educação promover a transformação, por meio da renovação do mundo, pela ação política de homens que agem em conjunto, demonstrando o amor pelo mundo. Por meio da pesquisa bibliográfica, realiza-se o estudo do pensamento dos autores a partir de uma perspectiva hermenêutica, articulando as noções de natalidade e inacabamento para problematizar as responsabilidades da educação diante dos educandos. Ao abordar a autoridade docente, nas concepções arendtiana e freiriana, questiona-se como esta se constitui e quais são as suas implicações nas relações estabelecidas em sala de aula. Sendo a autoridade alicerçada no domínio de conteúdos e na responsabilidade pelo mundo comum, discute-se o papel da formação, que, além de competências para o exercício da docência, precisa assegurar ao educador a vinculação com o coletivo da escola e de seu entorno. A reconciliação com o mundo torna-se indispensável, posto que, o profissional indiferente pode ser hábil na transmissão de informações, mas é incapaz de educar, no duplo sentido de apresentar e representar o mundo. Por fim, aborda-se o pensar, apresentando as distinções entre os posicionamentos dos autores no tangente à relação entre pensamento e educação, ressaltando que o ensino extrapola o conhecer e o desenvolver habilidades e competências, demandando a busca pelo sentido e pela compreensão, estabelecendo formas singulares de relação com o mundo comum e com os outros. Diante disso, as reflexões esboçadas nesse estudo não buscam novas propostas metodológicas, mas provocações para pensar as responsabilidades das gerações adultas diante das crianças e jovens. Tais reflexões permitem concluir que a educação comprometida com o mundo é permeada por fatores como: a acolhida aos indivíduos (novos e inacabados); o exercício da autoridade voltada à autoria e ao crescimento; a conservação como cuidado e proteção das crianças e do legado científico e cultural da humanidade; o despertar do amor enquanto compromisso com a esfera pública.